Antes da porca, o parafuso

Íkkarus poderia ser até um tanto paciente... até que alguém xingasse a sua mais estimada invenção. Ele nem se importava com as degradações feitas a si... era um "esporte" corriqueiro entre os Nocker. Agora, quando o assunto eram suas Quimeras, o buraco era muito mais embaixo.

'- Ah, ...'

Entretanto, a reação da Infanta preocupava mais ainda o Estouvado. Da mesma se projetavam faíscas de Glamour... resultado da jovialidade de seus sonhos e crenças. Era uma época incrível, mas muito perigosa. Ele precisava controlar a situação.

'- Calma, Fagulha, calma...'

Ele olha para o vórtice que se abria em direção a um jardim verde. Deveria ser a casa da Infante.

'- Eu estou apenas acompanhando Nyota, só isso. Você tem razão, somos muito diferentes, que cabeça a minha pensar que somos iguais... me desculpe... Nós viemos para ajudar Nyota na brincadeira, só isso...'

A situação estava tensa e, agora, o Nocker entendi o por quê não tinha tanta paciência para crianças.

*Voláteis demais...*

A menina parecia um pouco mais convencida e fala:

" - A Nyotinha aqui realmente tinha que ter vindo me salvar e você ajudou ela mesmo.. Mesmo parecendo essa gazela manca , você foi lá me resgatar.."

Ela faz uma breve mesura e fala:

" - Como posso lhe retribuir Sir Ipparus?"

A fenda se fecha novamente e estavam mais uma vez apenas no espaço.

O Nocker, ainda mantendo a calma e compostura com a mais nova, a escuta. Se aquele era um recanto de seus sonhos, ela tinha o domínio de tudo. Poderia ela arranjar o que ele tanto estimava?

'- Minha cara Fagulha... Nyota havia comentado comigo sobre a existência dos cristais Kyber por aqui. Você poderia me arranjar alguns? Preciso deles para um novo projeto?'

A sua esperança era que a jovem Infante lhe arranjasse o que tanto procurava.

A menina se apruma e fala:

" - Mas é claro que eu tenho um cristal Kyber, Sir Íffarus! Eu roubei um deles antes da Nyota me salvar!"

Ela tira do bolso um pequeno cristal verde que brilhava e pulsava.

" - Posso até te dar, mas quero uma coisa em troca! Eu quero que você me leve para brincar fora daqui!"

Ela vai até a nave a aperta alguns botões sem sentido, 4 telas se abrem, o Nocker se assuta com o que aparece ali:

- Na primeira tela, aparecia Ídris que parecia rodeado por quimeras em uma espécie de beco. (Parecia em perigo)
- Na segunda tela, via Marga no terraço de uma casa lutando contra um Wyvern (Parecia em bastante perigo)
- Na terceira tela, estava Evony em um carro, próximo de Marga. No banco de carona junto com Conde Rodiart (de boa)
- Na última tela, via apenas estática cinza.

Fagulha dá um tapa na tela com estática, mas não adianta.

" - Esse aqui deve tá fora do ar! Eu conectei suas ondas cerebrais à nave, fica mais fácil assim a gente sair daqui à nave quando tem uma âncora de ondas lambda pra levar a nave até lá. Se você for comigo pra eu conhecer esses lugares com a nave eu te dou o cristal! Só escolher onde vamos primeiro!"

Os olhos amarelados do Nocker brilham diante do verde esmeril do cristal que a jovem Infante lhe esfregava na cara. A Nocker, entretanto, não o daria de mão beijada. Para ela não bastava ser salva; ela queria sentir a adrenalina da aventura! O que era óbvio, diante do contexto dos sonhos onde ele aparentemente sempre se escondia. Os olhos de Íkkarus acompanham a pequena se dirigir até o painel de controle, fazendo alguns comandos, o que demonstrava que a mesma realmente tinha conhecimento prévio sobre tudo ali.

O que ela lhe revela o surpreende:

'- Pelas engrenagens d...'

O Nocker olhava impressionado para as cenas que via serem reproduzidas diante de si. Não pela tecnologia, já havia construído coisas melhores (claro!), mas pelo teor do conteúdo. Via a sua Mixórdia em diferentes situações. Parecia que o perigo acariciava o pescoço de todos... ao menos de Marga e Idris.

'- Negócio fechado, Fagulha!'

Ele analisava a situação rapidamente. A quem primeiro deveria partir em auxílio? Ele nem se atenta muito a tela cinza, deveras era a sua preocupação. Vendo a situação preocupante que Marga, ele pensa:

*Se não formos agora até Marga, talvez ela não exista mais até a próxima viagem!*

A ideia de perder a companheira, faz um calafrio perpassar o corpo do Nocker que, instintivamente, diante do receio de ver os Sonhos de desmancharem, aponta para o seu respectivo telão.

'- Para lá, Fagulha! Creio que você queira conhecer um dragão de perto! Vamos caçá-lo!'

Fagulha apenas acena positivamente para Íkkarus, ela aperta um botão que esconde as outras telas. Aperta mais alguns botões:

" - Motor de propulsão ativado, camuflagem ativada, motor de dobra pronto, Nyota faça a navegação. VAMOS!"

A Nave então parte com seu motor de dobra, as estrelas formando traços enquanto uma brecha no espaço-tempo se abria em direção à um condomínio de casas. A nave sai da brecha de forma imponente e Íkkarus via pela janela a alguns metros do chão Marga, uma troll e João Sem-Nome. Próximo havia um Wyvern e uma criança, uma pequena sátiro que emanava uma essência selvagem de Glamour, havia alguma similaridade entre esse tipo de Glamour e o de Fagulha, ambos selvagens ainda sem controle.

Fagulha olhava para a janela também maravilhada.

" - Acho que daqui dá pra ver minha casa!"

No fim dessa frase uma sirene vermelha acendia no interior da Nave, olhando pela janela Íkkarus via que a nave peça a peça parecia se desmanchar, cada peça que soltava desaparecia.

CONTINUA NOS CONTOS DA MARGA.