O Túnel Preto e Branco

O ambiente realmente era diferente, tudo, simplesmente tudo estava em preto e branco. O lado do túnel de onde tinham vindo com o trem, era uma névoa espessa, à frente o túnel havia mudado muito. Os trilhos haviam acabado e havia um fim no túnel com uma porta. Nas paredes do túnel haviam mais duas portas de cada lado.

As paredes também eram diferentes, parecia que tinha um papel de parede antigo e era possível notar alguns móveis também antigos, aquilo lembrava uma casa bastante velha com seu corredor com portas. Havia também um odor estranho no ar, um cheiro de carne queimada.

A porta no final do corredor possuía 5 buracos em volta, os buracos tinham diferentes formatos onde algo se encaixaria ali. Já as 4 portas nas paredes tinham cada uma um símbolo diferente desenhado:
- Porta 1: Uma cruz
- Porta 2: Uma chama
- Porta 3: Um pássaro
- Porta 4: Um crânio



Ao escutar a pergunta de Kalliope, Arianna dá um passo à frente e olha para a Troll como se estivesse olhando para algo realmente incrível (o que era). A Sidhe era de uma beleza sobrenatural com cabelos loiros e um brilho nos olhos, que mesmo em preto-e-branco era fácil de notar. Ela pula do trem que já estava parado e responde:

“ - Também não sei do que se trata, mas pelo que Margarita comentou “ - Ela mostra a Sátiro com os olhos - “ o Berimbau Dourado está aqui em algum lugar… Aliás.. sou Lady Arianna de Fionna, é uma prazer conhece-la, senhorita…… “

Ela deixa espaço para que Kalliope falasse seu nome enquanto olhava o local em volta.

Evony percebe a mudança no local e olha atenta a tudo. Ela ouve a pergunta de Arianna e espera pela resposta do trol enquanto examina um pouco mais de perto as portas. Em especial a porta da frente com os nichos que pareciam precisar de algo para encaixe. 

*Talvez cada uma dessas portas tenha algo que encaixe aqui e assim nós abrimos a última...*

Zvenn não tem dificuldades para entender o que se passa e o que ele devia fazer naquela situação. O Sluagh caminha ao lado da Baronesa e sussurra, em tom audível somente para ela:

'- Eu preciso que você confie em mim e me ouça, nobre Baronesa. Não posso falar o que sei sobre esse lugar e nem posso ser obrigado a falar. Qualquer ato forçado ou revelação fora de hora implicará na perda do Berimbau para sempre e significará nossa morte. Eu sei o caminho que devemos percorrer, mas provavelmente não serei útil para além de ser um guia nesse caminho de luz e sombra.'



Pouco importavam os outros e sua felicidade incômoda. Zvenn tinha um pacto com a Baronesa e era a ela, apenas a ela, que ele se dirigia.

Idris testeminha a tudo com o olhar maravilhado, o olhar dos loucos, o olhar daqueles que, por culpa da própria senilidade, perderam a percepção de seus arredores e na verdade enxergam algo em suas mentes que destoa completamente daquilo que esta em sua frente..

*Você era tão bonita..*

.. a ultima memória se esvanece nas brumas e, como quem acorda de um sonho acordado, o Eshu se vê no universo em preto e branco ao mesmo tempo que escuta, de verdade, as palavras da trol..

*Reino de medo? TROLL?*

"-Olá querida, me chamo Idris Bancole, e, este Eshu está a seu inteiro dispor.." - O Cumprimento era anti-natural ao cenário, haja vista que fora conferido com a jovialidade de quem se encontra em uma praça sob uma tarde de verão.

"-Mas olhem onde este trem nos levou, ao Berimbau? Ao Covil? Pouco importa, ele nos trouxe à um local de onde devemos continuar nossa viagem.." - Ele continua a olhar a porta e seus encaixes em tonalidade Noir.

Idris passa então a observar os traços da casa, o próprio chão, quando então, fixando-se no buraco do fogo, pergunta à parede..

"-Onde esta aquilo que lhe completa querida?"

OFF: Idris usa primal 1 para tentar se comunicar com o encaixe do fogo.

*Berimbau?..*

A Troll desce acompanhando a bela donzela e o Eshu. E responde a Ambos.

'- Lady Kalliope D'Scathach. Eu lembro de vocês da batalha com o Grifo. Vocês tem alguma ideia de onde estamos e do que está acontecendo?' - Fala enquanto observa aquele pitoresco e intrigante ambiente.

A casa Scathach tinha uma reputação entre a maioria dos Nobres de uma casa de perjuros, Ariana, apesar de não ligar muito para essas alegações olha ainda mais admirada para a Troll:

" - Sim! A Troll da Casa Scathach! Parece que foi há uma vida atrás aquele dia...

A Sidhe olha em volta para as portas, ela continua explicando:

" O Duque deu duas missões para a nossa Mixórida: Recuperar a Rabeca do Juazeiro e o Berimbau Dourado, itens que ajudariam contra a Imperatriz do Inverno. A Rabeca já foi recuperada e o Berimbau deveria estar com piratas no Reino do Eterno Verão, na Bahia..  Acontece que a Sátiro, sentiu que o Berimbau está aqui e não onde foi dito antes.. Isso é tudo que sei.. "

Ela segue em direção e as estuda sem saber pra onde seguir.

Apresentações eram feitas. Questionamentos também. O Nocker observava o cenário que se alastrava diante de seus olhos como um verdadeiro enigma. As portas, seus símbolos, o caminho final. Aquilo parecia o cenário perfeito de um jogo.

As engrenagens da cabeça do Estouvado funcionavam a todo o vapor e ele apenas fala, displicentemente, como se estivesse pensando alto:

'- Será que a gente tem que entrar nessas salas e ir atrás das coisas que se encaixam nesses buracos?'

Ele fala isso enquanto observava o Exu se aproximar da última porta e examinar atentamente um dos buracos.

E enquanto fala para os seus a respeito do que sentira ali, o belíssimo azul da Troll se esmorece, os cabelos dourados da Sidhe em chamas empalidece, as cores são deixadas para trás no túnel como se este fosse um ralo no qual tudo escorreu deixando apenas os valores cinzas de um filme antigo qualquer.

*Um reino de medo... um mundo sem cor...*

Ali havia um cheiro que não deveria estar. Também o Berimbau tampouco deveria esconder-se naquele cenário, apesar disso...

*Carne queimada...*

Marga tenta sentir no ar de onde vem o cheiro. Talvez da porta de fogo, mas fechava os olhos farejando o ar por um instante para ter certeza. Nesse ínterim, escuta seu nome pela voz de Lady Arianna.

A Troll, que aparentemente já encontrara a Mixórdia em batalha, se apresenta. Mesmo sem seus tons anil, ainda era imponente e bela.

"- Não sei exatamente como sei, apenas sei. Eu senti. Está aqui em algum lugar."
                                       
Ao escutar as palavras do Nocker, olha em volta como se despertasse de um pensamento que se perde.

"- Mesmo se cada porta nos recompensar com uma prenda, são apenas 4 portas... 4 portas para 5 buracos."

Desce do trem e procura de onde poderia sair um quinto elemento.

Zvenn via os outros conversando mas ainda não se intromete, aguardava a manifestação da Baronesa pois contava com ela para que ninguém fizesse gracinhas e colocasse tudo a perder. O Sluagh tinha em mente o caminho a ser percorrido, mas era apenas um estranho desengonçado em meio à tantas criaturas pro-ativas.

*Eles me cansam, falam demais...* - pensa enquanto espera uma reação de Evony.

A Baronesa continua observado as portas quando o Sluagh sussurra algo em seu ouvido. 

*Então quer dizer que o pequeno diabinho sabe onde estamos... Muito bem!*


Evony apenas sorri para o Sluagh e acena com a cabeça. 

*Casa Scathach... Teria ela alguma relação com os rumores... Veremos. *

Ela escuta a apresentação da Troll e responde a olhando dos pés a cabeça de sua habitual maneira sedutora:

"- Eu sou a Baronesa Evony ap Eiluned e está é a minha mixórdia. A Mixórdia dos Pés-Escuros. É um prazer reencontrá-la Lady Kalliope."

O nome da mixórdia havia sido dado por Trinny e de primeiro a Sidhe tinha ficado irada com um nome tão xulo. Mas nobre mudou de idéia... 

*Qualquer nome se torna digno através de mim.*


A Nobre escuta as palavras da enjoada Arianna, do Nocker e da Sátiro. Todos giravam no mesmo ponto, o Berimbau parecia estar ali e não com os piratas do Reino do Verão Eterno. A portas precisavam de algo para abrir como ela mesma havia deduzido e o Eshu parecia tentar conversar com uma delas como era de seu costume. 

Sem mais delongas a Baronesa se pronuncia: 

"- Zvenn sabe o caminho e irá nos guiar por esse estranho reino. Fiquem atentos para armadilhas ou emboscadas, não sabemos como esse tesouro veio parar aqui."

A Baronesa então gesticula com a mãe indicando que o Sluagh lidere o caminho. Estava ansiosa por começar mais uma aventura, mas de qualquer forma a Nobre se mantinha próximo a Troll e segurava com firmeza a rabeca do Juazeiro, se tinha algo que Evony prezava, era sua própria segurança.

Diante da reação da Baronesa, Zvenn sente-se mais seguro a fazer seu trabalho. Ele sequer olha para os demais, apenas caminha desengonçado até a porta que tinha o símbolo do fogo. Era no calor do fogo que devia ser iniciada a jornada e ele apenas aponta para que alguém com mais capacidades físicas e motoras do que ele, pudesse abrir a porta.

'- É por aqui!' - Sussurra em tom audível a quem prestar atenção.

*Que comecem os jogos* - pensa Zvenn.

O Sluagh mantinha o olhar sempre focado na figura da Baronesa, enquanto aguardava que os demais fizessem o que devia ser feito.

Interações: Mixórdia Pés-Escuros | Kalliope

Íkkarus escuta a resposta de Magdalena e concorda com a Sátiro. Se fosse essa a perspectiva, havia de falta um único espaço na porta. Ela provavelmente ainda não se abriria. O Nocker continua a pensar, pensar e pensar... até que a voz de rouxinol da baronesa ecoam pelo local mais uma vez. Ela faz um anúncio.

*O catinbozó do Zvenn sabe onde diabos devemos ir? Caralho, velho!*

O Sluagh segue o caminho, se dirigindo até a porta do fogo. Ele para de frente a mesma, como se esperasse que alguém tomasse a prontidão. O Nocker acompanha, esperando que os membros de couro-grosso da Mixórdia tomassem a dianteira. Ele que não ia ser o primeiro alvo de sabe-se lá o que poderia sair depois que abrissem a porta!

Ariana vendo a relutância da Mixórdia, resolve tomar a dianteira. Motivada, inclusive, pelo símbolo na porta a Sidhe Fiona chuta a porta que se escancara.

Zvenn sente uma pontada de dor muito forte na cabeça que o chega a deixar um pouco tonto.

Um cheiro ainda mais forte de carne queimada e um calor saem da porta aberta que dava para um corredor escuro. Arianna entra e ilumina o corredor com seu florete em chamas. Ela vira pra Mixórdia e fala:

"-Estão com medo do que? É apenas calor... "

Arianna chuta violentamente a porta a Zvenn, imediatamente, leva a mão à cabeça e cambaleia para trás. O Sluagh perde um pouco seu centro, se desequilibrando levemente e resmungando em seu sussurro:

'- Jurava que etiqueta era um traço dos nobres...' - reclama mau humorado.

O Sluagh aproveita a deixa de Arianna para entrar e ocupar o espaço mais escuro do ambiente, se mantendo sempre nas sombras enquanto acompanhava seu grupo.

Lady Evony se manifesta: O Sluagh guiaria o caminho.

Zvenn vai em direção ao símbolo do fogo, porta que a Sidhe de cabelos dourados chuta com convicção. O cheiro de antes agora vem mais forte, e o calor vem mais forte da direção da porta.

*Fotiá....*

Seus olhos cinzentos encaram a Sidhe, e um sorriso vem em resposta à pergunta que soava quase como um desafio da bela Fiona. Sem se preocupar em limpar as pinturas em sua pele, deixa que as mesmas permaneçam. Margarita pega a blusa pendurada em sua cintura, a recoloca e entra pela porta do fogo.

Interações: Mixórdia Pés-Escuros | Kalliope

Íkkarus fecha os olhos diante do estrondo que o pé de Arianna faz ao projetar a porta para dentro. Nada mais acontece... para além do cheiro de carne queimada e o calor que emana dali de dentro, claro! O Nocker sorri diante da demonstração de força da Sidhe, que adentra o recinto com seu florete flamejante, sendo seguida de perto pelo Sluagh. Logo em seguida, a Sátiro acompanha a dupla, sendo seguida pelo Nocker, que seguia de perto as ancas caprinas da criatura a sua frente. Não podiam se separar diante do desconhecido que se avizinhava.

O Sluagh indica a porta do fogo e obviamente a louca nobre da Casa Fiona chuta a porta sem nenhum cuidado. 

*Com sorte ela morre logo e deixa de ser essa pedra no meu sapato.* 


Como sempre a outra Sidhe bravateia e Evony apenas troca um olhar cúmplice com o Sluagh confiando no juramento que ligava ambos.

A Sidhe avança altiva e imponente, mas sempre se mantendo próxima a Troll e curiosa para saber o que encontrariam ali e do que vinha o cheiro de carne queimada.

Idris, ao dirigir sua pergunta para o encaixe na parede, abaixa-se, pega duas pequenas perdas e, enquanto as encaixa nos ouvidos pede, com o dedo em riste ao Encaixe..

"-Um minuto querida, deixe-me por estes tradutores.."

.. após colocados, ele aproxima o ouvido do buraco, um segundo se passa, dois, sete...

"-Bem, eles devem estar quebrados ou sem bateria.." - Diz tirando as pedras dos ouvidos e olhando ao redor para sua Mixórdia.

*Por todas as cores que um daltônico enxerga e mais algumas, o que diabos eu perdi..*

Todos estavam em polvorosa, e, antes que pudesse perguntar, Lady Arianna irrompe aos chutes pela porta, sendo seguida por todos da Pés-Escuros.

*Melhor não chamar atenção agora, afinal, qualquer caminho é válido..*

Idris se sentia estranhamente mal ao acompanhá-los, aquele ambiente era por demais sóbrio, por demais... Banal.. mas, estranha e acertadamente, uma poesia de um sonhador lhe vem aos lábios, e, por mais mórbida que fosse a canção, ele sabia que ela pertencia aquele lugar, então, atrás de todos e baixinho, ele começa a cantarolar..

"-Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cór
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior"

Vocês entram pelo corredor, conforme avançam, o cheiro de queimado fica ainda maior e uns gritos de mulheres e crianças começam a ser ouvidos. Vocês chegam em uma sala grande aberta, com um caminho de tochas fincadas no chão.

No final do caminho, brilhando um brilho preto-e-branco estava uma das pedras com o formato que se encaixaria na porta do lado de fora. Fora do caminho das tochas, alguns corpos estavam carbonizados no chão, dava para ver que eram de adultos.

Era possível notar também que haviam mulheres, todas usavam roupas de freira, elas tinham arames farpados enrolados em seus corpos e seguravam as crianças enrolando seus próprios arames nelas como se as tivessem torturando.

Próximo à pedra, uma das freiras estava no caminho, ela estava ajoelhada, não tinha arames em volta dela e parecia cuidar dos ferimentos de uma das crianças que estava bastante machucada.

Os gritos e cheiro de queimado eram pertubadores e Arianna ao ver aquela cena, decide resolver de forma rápida e ir na direção da pedra, ao fazer isso, uma das freiras do lado de fora do caminho corre em direção à Arianna e pula em sua direção embolando seus arames com ela. Arianna vai ao chão, ferida com os arames. Ela tenta se desvencilhar daquilo e acertar socos na Freira que parecia não sentir nada.

Evony olha estarrecida para a cena e desvia algumas vezes seu olhar para o Sluagh.

*Aonde diabos esse diabinho costuma andar?*


Arianna de forma louca e impulsiva se decide se jogar até a pedra sendo atacada por uma das freiras torturadas. A visão de Freiras e Crianças era assustadora. Uma das Freiras parecia cuidar das crianças e parecida diferente das demais. 

Se mantendo próxima a Troll, a Baronesa fala em voz alta para que todos escutem:

"- Ajudem Lady Arianna!"

Depois ela dirige a Freira que era diferente das demais e fala:

"- Nós precisamos dessa pedra. O que você quer por ela?"

O cantarolante, porém discreto, Eshu vai seguindo a Mixórdia...

"-Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer"

..Porém , quanto mais avançavam, mais viam, e, em especial ouviam, os sons de gritos começam a irritar Idris, não necessariamente pela dor, mas, pela privação de liberdade..

*Aqueles bastardos...*

.. As memórias de D. Antônia e Juca lhe voltam a mente, reacendendo uma brasa adormecida..

*Eles, em sua casa não me detiveram, VOCÊS JAMAIS O FARÃO..*

Absorvendo o ambiente, ele nota aquela que cuidava, bem como as que puniam, vê a desabalada investida de Arianna e sua consequente constrição..

*Aguarde um pouco pequenina..*

Começando a fazer movimentos como se arrumasse algo invisível no chão, Irdis após arrumar o que quer que fosse que ele cuidadosamente colocava, diz:

"-Um minuto Dignissima Baronesa..." - E começa a saltitar, ensaiando um movimento.

Interações: Mixórdia dos Pés-Escuros | Kalliope

Logo atrás de si, uma voz cantarolante embalava seus passos. Era Idris. O Nocker olha de canto de olho para o mesmo e esboça um sorriso ao amigo. Quando ele volta seu olhar para frente, tudo havia mudado.

'- Puta que me pariu, velho!'

Estavam no próprio vale da sombra da morte... seria ali o próprio Inferno? Uma tortura para as crianças que não haviam se comportado bem? As freiras torturavam as crianças, mas uma delas cuidava dos ferimentos de uma. Estaria tratando-a para torturá-la mais depois? Era uma possibilidade... assim era o Tormento eterno dos desvalidos; seus ferimentos era lambidos para serem reabertos no mais tardar.

Era horrendo.

Mas era ali que a pedra estava. As suspeitas do Nocker aparentemente se concretizam. Uma das pedras estava ali! Talvez as outras estivessem nas outras portas. O Estouvado a observava com seus olhos amarelados quando sua atenção volta ao que ocorria. Arianna se projeta sobre a freira que estava no meio do caminho, mas a mesma é protegida por uma outra, que estava de fora. Freira e Sidhe se embolam no chão, Arianna parecia ferida pelos arames e a Baronesa clama pela ajuda dos seus.

Idris clama por tempo. Íkkarus também tinha que fazer alguma coisa! Ele olha ao redor, procurando Pepe para quem pede:

'- PEPE! AJUDE A ARIANNA! HELP HER!'

Ele não tinha muito o que fazer contra criaturas com arames para além daquilo.

A freira que cuidava de uma das crianças parecia estar completamente alheia à presença de qualquer outro ali. Ela não faz nenhum movimento de ter escutado a Baronesa lhe perguntar algo e segue fazendo os cuidados anteriores.

Pepe, surpreendentemente entendia o português de Ikkarus (6 no dado), ele parte em disparada à Arianna e faíscas saem conforme um laser é usado nos arames. Outra freira corria em direção à Pepe, o robô consegue se desviar por muito pouco e ela passa direto por ele. As chamas das tochas ficam ainda maiores, revelando corpos carbonizados pelo chão, os corpos também tinham roupas de freira. Arianna conseguia começar a se soltar apesar da dificuldade, mas ainda estava presa.

Após os devidos preparativos, Idris assume uma expressão MUITO mais séria do que o de costume, e, olhando Zvenn diretamente nos olhos continua, porém, dessa vez fazendo sua voz reverberar pelo cômodo..
"-Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer.."

Ele começa a correr, finalmente quebrando o contato visual..

"- Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever.."

Idris então faz uma pirueta, como de um trapzista ou ginásta olímpico, parecendo pegar impulso no próprio chão, fazendo o glamour explodir pelo cômodo enquanto ele era lançado em altíssima velocidade em direção à Pedra do Fogo.

"-Pra LHE dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado..

Quando ia falar a última estrofe, como um raio de impossível velocidade, uma das freiras voa se projetando no caminho de Idris, acertando-o lateralmente em uma explosão de sangue, fazendo que o momentum de seu salto seja perdido e ele caia, sujo e imundo, no chão ao meio do caminho, ao mesmo tempo que as chamas das tochas parecem ficar ainda mais fortes..

"-E VOCÊ sabe a razão.." - Idris se levantava ainda encarando o Sluagh, dessa vez com uma seriedade nunca antes vista nos olhos de constelação do Eshu, enquanto ele mesmo parece ainda mais negro do que normalmente era..

*Você ACHA que EU, EU, NUNCA lhe escutei pequenino? Freira, Fogo, Igreja e seu pássaro.. FALE*

OFF: Idris recebeu um de dano após a absorção pelo choque da demônia.

Quanto mais avançavam, mais o cheiro ficava mais forte e explícito. Vinha acompanhado de gritos e gemidos, que por si só deixariam a cena aflitiva, mas aquele cenário em tons noir ainda vinha adornado de tochas ao chão indicando o caminho a uma das pedras.

Freiras macabras pareciam torturar as crianças e mulheres, todas envoltas em arames exceto uma. Esta, estranhamente parecia cuidar dos ferimentos dando a entender que aquele ciclo de sofrimento não teria fim.

A Cabrita para por um instante. Pálida. Já Lady Arianna, avança de forma intempestiva, sendo atacada por uma das madres emaranhadas em arame.

Um passo para trás.

A Baronesa grita para a Mixórdia partir em socorro da Sidhe de cabelos dourados. A Sátiro pensa que ali, não teria chance alguma contra aquelas inimigas em um ataque direto.

Mais um passo recuando em direção à porta.

Arianna, com a ajuda de Pepe, começa a se desvencilhar, enquanto isso, Idris se atira saltando a frente sendo violentamente atingido. O Universo de seus olhos encaravam o Sluagh e a frustração era latente em meio ao sangue e o impacto causado por uma das guardiãs da dor.

Em seu recuo, a Sátiro se coloca um pouco atrás do Nocker e vê um pequeno pedaço da cueca esticada pelo trem saindo da mochila. Uma samba canção que depois de tanta aventura seria capaz de caber em um Troll.

Puxa discretamente a cueca se distanciando das luzes das tochas cujas chamas se alimentavam da dor da Pés Escuros, saindo pela porta.

*Ele não há de usar mais isso pra nada mesmo...*

Rasga a cueca em uma das laterais e no meio, fazendo assim uma faixa de tecido considerável. Rasga da barra da própria blusa, uma faixa da largura próxima a uns dois ou três centímetros e usa como um arco para amarrar a cueca em sua própria cabeça, cobrindo seus cabelos como um dos véus usados pelas freiras.

*Se ir com força não funciona, vamos com jeito.*

Junta suas mãos como se fosse iniciar uma prece e, um instante além, Margarita não era mais vista, seguindo com cuidado na direção da Pedra no fim do caminho.