Pegadas derretidas na Areia

A Condessa se assusto com o brusco movimento da Sátiro e quando Arianna se aproxima de forma mais delicada ela dá preferência a Sidhe e segue prontamente de forma rápida até o Freehold da mixórdia. 

Ela devolve a jaqueta para a outra Nobre e agradece. 

Se virando então para mixórdia ela fala com seriedade enquanto coloca as mãos na cintura: 

"- Alguém me explique o que está acontecendo aqui e quem são esses infantes?"

Ninguém vem ao auxílio do Nocker.

*É isso. é o fim...*


Ao menos era isso que Íkkarus acreditava. Ele até via a luz do fim do túnel aproximando de si, pelas suas costas.

*Não, não é a morte me chamando...*


Era Evony! O Nocker vira o rosto, ainda tentando mover debilmente o volante, vendo as duas brasas que queimavam como lumeeiras dos olhos verdes da Sidhe. Ele sente a voz da mesma surgir do âmago de sua garganta e seu corpo agigantar-se diante da realidade. Ela era esplendorosa e assustadora ao mesmo tempo, o jogo de sombras fazendo todo seu trabalho. A Condessa manda e a nave a obedece. Ela pede proteção a tripulação e assim a nave faz, mesmo que já não tivesse mais de onde tirar energias. O fogo esverdeado toma conta do corpo da Sidhe, mas diferente do Eshu, a mesma não queima. A nave, então, começa a se quebrar, contorcer-se e reformar-se, criando assentos e cintos de segurança e diminuindo de tamanho. Novas camadas extras de metal surgiam para absorver o impacto da nave contra o solo. As tiras metálicas envolvem a todos e o Nocker sente o repuxar em seus braços, como um aviso da fúria de Evony.

*É, chegou a hora do vamo ver, pessoal!*


A nave, envolta das chamas bruxuleantes, pousa em segurança, mas se parte num grande fumaceiro, deixando a todos cegos.

'- COF COF COF...'


A fumaça se dispersa tão logo os gritos de Margarita possam ser escutados. Sem a fumaça, a presença da Condessa ainda era soberana. Seus olhos ardiam em olhá-la e, talvez fosse impossível, não fosse a ação rápida e abrutalhada de Margarita, que tenta cobri-la. O Nocker também tira sua camisa, entregando-a a Ariana, que já aninhava a mesma com sua jaqueta.

'- Eu ajudo Idris, vamos... o nosso recanto não fica longe... vamos crianças...'


Assim, a mixórdia e as crianças seguiram. O freehold não era muito distante dali e, quando finalmente chegam, o Estouvado sente o quanto estava cansado. O dia havia sido cansativo e fazia certo tempo em que ele estava na iminência de morrer a cada segundo. Sentir a proteção de seus domínios fazia com que o peito do Nocker respirasse aliviado.

Ele se vira para Fagulha e apenas comenta, vendo que a pobre Infante estava esgotada:

'- Essa é a minha oficina, Fagulha, seja bem vinda! E, realmente, me perdoe por ter desaparecido. Não foi minha intenção... mas você vai logo descobrir que as vezes nós não temos controle de tudo... mas você se saiu bem, conseguiu contornar a situação tempo o suficiente, até nossa volta!'

Logo após isso, ele escuta Ariana clamar por comida, enquanto a Condessa pedia explicações. Era justo. Já próximos da lumeeira, Íkkarus se vira e fala rapidamente. Não era um contador de histórias, então não demora muito:

'- Primeiro, obrigado pela ajuda, Condessa! Teríamos morrido se não tivesse intercedido e eu não tinha muito o que fazer mais... estou completamente esgotado...'


Ele se apoia no painel, verificando algumas coisas de praxe, mas nada sério. Logo, ele continua:

'- Bem, eu estava exatamente neste local, milady, preparando a máquina que nos dará a vitória contra a Imperatriz do Inverno. Até que eu precisei arranjar alguns cristais Kyber para continuar com o meu trabalho... aí eu fui na despensa bem ali pra procurar alguns...' - ele aponta para o corredor onde era possível encontrar uma porta muito simples, uma despensa mesmo.

'- Eu acabei capturado por alienígenas no espaço sideral, mas fiz uma negociação com eles... quando me dei conta, eu já estava dentro de uma nave, com Nyota, uma colega de Fagulha...'- lembrando que não havia feito as apresentações, ele olha para a Nocker e diz: '- Essa é Fagulha, milady! Fagulha, essas são a Condessa Evony de Eiluned e a lady Arianna de Fiona, minhas companheiras de mixórdia, meu grupo... Ah, aquele ali, todo queimado com seu novo amigo, é o Sir Idris de Fionna.'


Ele logo continua:

'- Eu acabei encontrando Fagulha logo depois que eu e Nyota explodimos algumas naves inimigas Zygonianas... Ela é uma Nocker, milady... bem, ela conhecia aquele lugar melhor do que eu e foi ela que me mostrou o que ocorria com vocês três e me deu a possibilidade de ir até vocês...'- ele aponta para Evony, Idris e e Margarita.

'- Idris estava rodeado de quimeras num beco, Margarita lutava contra um Wyvern e você, milady, estava dentro de um carro com Conde Rodiart. Bem, o sentimento de proteção de nossa mixórdia falou mais alto e eu corri para salvar Margarita. Ela tava lá com mais uma mulher, que eu realmente faço nem ideia de quem seja, e com Blitz... Ah! Essa é Blitz, a sátiro, miladies!' - Ele aponta a pequena Sátiro para a Condessa e Arianna.

'- Nesse momento, vossa Graça apareceu, a mulher lá morreu, o dragão tava à solta e eu ainda precisava salvar Idris. Eu encarei esse momento como um presságio do Sonhar. Se eu e Margarita havíamos encontrado novos Infantes, tudo indicava que Idris poderia também ter encontrado! E que o mesmo estava em perigo! Eu agi nessa intenção e nos levei logo para onde Idris estava. Mas lá as coisas fugiram um pouco de controle, as quimeras tavam vindo na nossa direção, a nave tava se despedaçando feito um dente-de-leão, Nyota também não estava bem... eu acabei fazendo merda, rompendo com o Escheat quando tentei reproduzir um prédio para aprisionar as quimeras que iriam atacar Idris e seu companheiro... foi uma ideia idiota, eu sei, agi no desespero... eu estou aqui para o julgamento que me cabe... mas foi por causa disso que todos nós paramos naquele local esquisito, vossa Graça... foi por causa disso que o Sonhar trouxe lady Arianna até nós mais uma vez... aí, a história você já sabe! E cá, estamos nós! Isso é o que posso lhe contar, é o que sei...'


Ele, então, se cala. Lembrar de sua atitude impensada e imperfeita o deixava visivelmente irritado.

O Eshu, quando finalmente pisa em seu Frehold sente como se um vento frio e carinhoso o acalentasse, diminuindo um pouco o fardo e a dor que sentia..

Idris, então, tão logo se senta em um canto do Frehold, escuta os pedidos das Sidhe, o primeiro, recebido com alegria pelos Infantes, já o segundo, com pesar enquanto Ikkarus relatava o que tinha ocorrido consigo..

O ferido Eshu estava concentrado, olhava profundamente para o centro de sí... sua expressão e único olho funcional eram pura confusão, parecia intrigado, indeciso... Quando de repente, tudo se anuvia..



"-Pronto, não sabia qual sabor pedir, pedi uma grande de cada, salgada e doce, com todos os Refrigerantes possíveis.." - Idris já deixava tudo pago, feliz que seu celular, por mais que estivesse com a tela em frangalhos, ainda funcionava.

Ele então se levanta, deixando os pequenos com a ansiedade do festim, enquanto fala com sua Mixórdia de forma grave, baixa e séria..

"-Os Eshus lutarão, garanti o apoio destes, quanto aos que despontam da crisálida, são as crianças de inverno, estranho que cada um de nós tenha sido atraído a uma destas, mas, não fomos os únicos, alguém queria muito o pequeno e precisou de quase tudo de mim salvá-lo de quem quer que tenha enviado aquelas Quimeras.. - Idris ainda não conseguia encarar a Condessa, um misto de admiração e rancor ainda duelavam dentro dele, mas, apenas a má vontade derivada da dor o fazia não aceitar ainda que aquela era sua Mixórdia e eles estavam ligados até o fim - .. e vocês senhoritas, o que tem a nos relatar?

Falava de maneira geral à Margarita, Lady Arianna e Lady Evony..

Enquanto o Nocker falava, Fagulha, bastante curiosa, responde para Íkkarus enquanto retira um dos botões do painel e tentava entender como ele funcionava:

" - Oficina bonita Sir Ivvarus, mas tá faltando uma limpeza aqui né?"

Quando Ikkarus comenta sobre Nyota, ela pergunta:

" - Colega minha? Não conheço nenhuma Nyota não.. mas que nome é esse? Nyota.."

O pequeno abria a porta que dava para a parte mais interna do Freehold, que levava ao armário que Íkkarus havia entrado e ao painel mais interno onde tinham enfrentado as estátuas e viram sobre o Doutor Quasar. Enquanto Blitz dava pequenos saltos testando e admirando as novas patas.

Ariana ouvia os relatos de Íkkarus atenta, ela se senta em um dos painéis e fala:

" - Eu lembro apenas das minhas promessas no Sonhar e de alguns relances. Eu tenho entretido o dragão, ele pede para ver o que posso fazer com o fogo dele. Quando eu estava quase sem forças, ele sentiu algo e ficou algumas horas fora.. ou seriam semanas? não sei bem... Depois ele voltou falando sobre a estrela nos céus e que em breve ele voltaria para casa. Ele disse que quando isso acontecesse, me liberaria de minha promessa. De repente, eu já não estava mais lá e me vi junto com vocês.."

Ela falava para todos mas olhava para Ídris:

" - Me permitirei ficar aqui apenas essa noite, preciso voltar para continuar com a minha promessa. Prefiro a morte à ter meu nome manchado como alguém sem honra."

Quando Ídris comenta sobre a pizza, as crianças param o que estavam fazendo, olha umas para as outras e as 3 falam:

" - PIZZA!!"

A Condessa escuta ao relato do Nocker. Apesar de todos os elementos fantásticos, não existe nenhuma incredulidade por parte da Sidhe que estava acostumada as infinitas possibilidades do Sonhar. 

Evony podia ser muitas coisas, mas idiota não era uma delas. 

Ela então se dirige ao Nocker e fala: 

"- Quantas aventuras Sir Ikkarus. Primeiramente parabéns por encontrar uma infante e por toda a sua aventura. Seu senso de lealdade para com a mixórdia é admirável e sua bravura ao resgatar Margarita e Sir Idris. Percebi que estava assustado pela maneira rápida como saiu me deixando sozinha com a Wyvern, mas não se preocupe, eu consegui dominar a criatura antes de qualquer coisa pudesse acontecer. Tenho certeza que o sonhar irá retribuir tanta lealdade e bravura..."

Ela se volta então para o Eshu que conta o que andou fazendo e sorri quando ele fala que os outros Eshus lutarão contra a Imperatriz do Inverno. Na menção do pequeno Eshu do Inverno, ela olha para criança apreciando seus belos traços. 

*Então alguém está atrás dessas jovens crianças... Quem e por que?*

Arianna relata de maneira sofrida como aguentou seu martírio com o Dragão. 

*Ohhh...  Coitadinha... Sempre se fazendo de vítima! Enquanto ela brinca com o Dragão estamos aqui resolvendo os grandes problemas do Império... Que rídicula.*

Um dos pontos que chama a atenção da Condessa é que aparentemente o Dragão percebeu o aparecimento do olho de Balor e algo sobre voltar para casa. 

*Seria Arcádia?*

Evony então passa a falar, propositalmente deixando a Sátiro por último. 

"- Bom, após deixarmos o Sonhar, Lady Arianna retornamos e fomos recompensados pelo Duque por trazer João-Sem-Nome e a última canção..."

Evony então baixa a voz e fala apenas para os estouvados ouvirem a fim de poupar as crianças dos fatos mais pesados: 

"- O Olhor de Balor surgiu a última canção revelou apenas que o Inverno chegou. A Imperatriz prepara suas tropas para marchar contra nós e todos estamos trabalhando no planejamento contra a guerra. Eu tive uma reunião com alguns nobres e o Duque para traçarmos um plano. Irei me casar com um nobre dos pródigos, um dos filhos de Luna, um lobisomem. Nossa união trará também a união dos nossos povos contra o inverno e a imperatriz. Após a reunião o Conde de Rodiart iria me acompanhar até minha casa quando soubemos de uma invasão em seus domínios..."

Ela então encara a sátiro nos olhos e continua seu relato: 

"- Lá chegando vimos que a Casa pegava fogo. Usamos de nossos poderes para apagar o fogo e impedir que o incêndio destruísse o condomínio e levasse a vida dos vários mortais que lá moravam, incluindo a família daquela linda e pequena sátiro ali..."

Evony faz o relato com toda a emoção de uma heroína, após uma breve pausa dramática, ela continua: 

"- Quando chegamos lá em cima vi apenas os pobres Kinains que serviam ao Conde tendo suas vidas ceifadas por uma Troll que tirou a própria vida. Enquanto isso Margarita e Ikkarus fugiam uma nave espacial e eu cuidei da Wyrven guardiã que estava furiosa para que não machucasse mais ninguém até ser transportada pelo sonhar até o lugar criado pelos crimes contra o escheat cometidos pelo nosso nocker..." 


Se aproximando um pouco mais ela pergunta: 

"- E você Margarita? O que fazia nos domínios do Conde?"


A voz da Condessa permanece gentil e ela apenas olha a sátiro como enorme curiosidade para saber o que ela diria.

Foram tantas coisas acontecendo em tão pouco tempo que a Sátiro ainda tinha a urgência em suas atitudes. Arianna vem com muito mais cuidado e conduz a Condessa, cobrindo-a com sua jaqueta.

Quando entram no Freehold, e apenas nesse momento, o coração começa a voltar ao ritmo normal. Lady Arianna menciona comida e os Infantes logo se animam com a possibilidade. A Sidhe de cabelos negros questiona e Ikkarus responde de pronto, com seu lado da história até o encontro.

Minha oficina.

Ele apresenta Fagulha e conta sobre a aventura espacial. Uma história fantástica, cheia de aventura e com direito a naves de nome difícil.

Minha Mixórdia. Meu grupo.

O presságio do Sonhar sentido pelo Nocker e tudo o que ele fizera parecia justificado. Mas se coloca a disposição de um julgamento, se este fosse o caso. Ele deixava claro que, Arianna estava de volta por consequência de suas atitudes, então, estava tudo certo...

*Para quem faz, tudo se justifica, não é isso mesmo?

A Sátiro escuta com atenção. Acarinha Blitz enquanto lembra dos fatos daquele dia. E nota que claramente a Sidhe não esqueceria aquela afronta e abandono. Mas outra coisa lhe chama a atenção.

*Fagulha não lembra de Nyota? *

Idris ganha a simpatia dos infantes com o pedido das pizzas, e Marga dá um suave tapinha em suas costas para que ela possa curtir esse momento com os outros pequenos. Ela logo começa a saltitar enquanto testa suas patas e a Negra sorri satisfeita. Quando as palavras sérias de Idris entram por seus ouvidos, o sorriso é substituído por um tom de maior seriedade novamente.

*Os Eshus estarão lado a lado na luta.*

Arianna ficaria apenas aquela noite. O coração da Sátiro se enche de tristeza com a notícia, mas como ela claramente falava isso à Idris, não se manifesta.

*Morte antes da desonra, no fim das contas...*

Lady Evony começa a relatar tudo desde o princípio, de quando ainda estavam juntos no retorno com João Sem Nome. A Condessa então conta sobre a reunião com os Nobres, que casaria por conveniência com uma das criaturas de Luna e, como sua ida para casa foi interrompida pelas consequências da empreitada da Sátiro.

*Casar para um fim. Algo frio, e não paixão ou amor... um sacrifício que acho que nunca vou entender...*

Seu relato do que aconteceu com a saída da nave após a fuga de Ikkarus gera mais um espinho que amarga o coração de Marga. Ela olha os Infantes por um instante e olhando nos olhos da Sidhe, demonstrando não desafio, mas sinceridade em seu relato, começa a falar.

"- Agradeço por ter salvo nossas vidas, Milady. E por ter impedido que a situação se agravasse atingindo com muito mais gravidade os arredores."

Suas palavras vinham sérias. Estava claramente abatida após a adrenalina e a sequência de notícias tanto da partida de Arianna, quanto da lembrança do sacrifício dos Kinains, quanto à todas as lembranças que o relato apaixonado da bela nobre traziam de volta à tona.

"- Ikkarus já apresentou a jovem Blitz. Ela se revelou num momento crucial, e creio ser uma valorosa filha do Inverno... Assim como todos eles."

Após uma pequena pausa, continua.

"- Eu estava nos domínios do Conde pois havia a forte possibilidade de conseguir acesso à círculos que podem trazer informações que nos serão úteis adiante. Para isso precisava me mostrar confiável e foi o que fiz, minha Condessa. Saberei a repercussão disso mais adiante apenas, infelizmente."

*Sim... Porque nós fazemos dessas coisas...*

"- Se conseguir estes acessos, podemos ter uma real noção dos grupos que serão fiéis na luta contra a Imperatriz e os quais entrarão na luta apenas como uma fachada para desestabilizar o levante."

Evony sorria enquanto escutava as palavras da bela sátiro. A negra fala sobre obter acessos a círculos específicos que poderiam trazer problemas ou soluções na guerra contra a imperatriz do inverno. 

*Então ela é mais profunda do que eu imaginava... Que interessante... Esse é um potencial que eu ainda não tinha percebido.*

Evony evidentemente olha a companheira com outros olhos. Como se a visse por uma luz totalmente nova... 

Num gesto absolutamente delicado ela afastar uma mecha de cabelo do rosto de Margarita deixando seus dedos roçarem levemente no rosto da outra mulher enquanto encara os olhos cinzas com seus belos olhos verdes. 

Tanto Evony quanto a Sátiro exalavam um sex appeal que parecia criar uma tensão sexual quase palpável por alguns segundos. 

Com um sorriso de canto de boca ela apenas fala enquanto sua mente é perdida em devaneios passionais: 

"- Se houver algo que puder fazer para ajudar..."

A Condessa encara Margarita por alguns segundos a mais do que seria socialmente aceitável. 

*Paixão antes do Dever...*

Íkkarus via Fagulha entreter-se com a oficina durante o seu relato. Em meio as pausas, ele dava uma boa olhada nela. Ele não se preocupa com a retirada botão, tampouco a reclamação sobre a limpeza do local. Entretanto, quando a mesma comenta desconhecer Nyota, aquilo deixa uma pulga atrás da orelha do Nocker.

*Ela tá zoando com a minha cara, ou será que Nyota deixou de existir na cabeça delas depois que desapareceu no mundo Outonal?*

Algo poderia ter ocorrido também enquanto estavam fora - ou, na verdade, dentro. No fim, após seu relato a primeira, Idris completamenta, dizendo que os orixás os ajudariam, mas também reafirma o interesse de alguém nos infantes do inverno.

*Seria a Imperatriz?* 

O Eshu também questiona a história das nobres e, a primeira a falar é Arianna, que relata sobre sua vida com o dragão. Pelo seu relato, o dragão havia visto o olho de Balor, assim como eles. A Fiona, entretanto, deixa claro que não quebraria sua promessa e que retornaria ao Sonhar para cumpri-la junto ao dragão, até ao mesmo que ele a libertasse realmente.

*Será que ele a aceitará calmamente depois desse sumiço?*

Se algo ocorresse com lady Arianna, Íkkarus se sentiria completamente culpado. Entretanto, não seria o Nocker a impedir uma Sidhe na sua sede por honra. Eis, então, a vez da Condessa responder ao que havia ouvido. E ela o parabeniza!

*Minha nossa...*

O Nocker estava surpreso até a Eiluned frisar o abandono que ele havia comentido para com a mesma, mas já anunciando que havia dominado o dragão. O Nocker faz uma vênia e a responde, apenas:

'- Eu nunca duvidei de suas habilidades, vossa Graça. Sabia que a Condessa era mais do que capaz... assim como nosso ilustríssimo Conde de Rodiart!'


No fim, a Condessa conta toda a trajetória da mixórdia até ali sem a companhia de Arianna, trazendo novas informações.

*A Condessa vai ser casar? E com um vira-latas? Ele deve ao menos ter algum pedigree pra ela ter aceitado tão bem assim...*

E eis que ela anuncia como havia aparecido na mansão incendiada.

*Que? A mansão era do Conde de Rodiart?!?*

O Nocker rapidamente olha para Margarita, olhando novamente para a Sidhe. O que a Sátiro fazia queimando a casa do próprio Conde? Ele sabia que os Pookas, por vezes, exageravam nas prendas... mas uma sátiro? Bem, a Condessa a questiona e a Sátiro traz um dado que acalma o coração do jovem artesão, mas que também o preocupa.

*Infiltrar-se numa célula terrorista? Isso é arriscado demais!*

O Nocker bolava algumas coisas na sua cabeça, quando vê a Condessa aproximar-se da Sátiro, tocando-a...

*As crianças!*

Íkkarus pousa a mão do cenho de suas testa, visivelmente constrangido. Ele olha rapidamente para as crianças, não querendo alardear o momento lascivo das suas companheiras. Após o flerte velado da Sidhe, o Nocker apenas pigarreia, tentando trazer a atenção das duas salientes e falando:

'- Vossa Graça, me perdoe atrapalhar aí o momento, mas talvez aja um jeito de conseguirmos informações...'

Ele pausa, olhando diretamente para a Sátiro e dizendo:

'- Não ludibriando de seus métodos, Margarita! Você foi muito corajosa!'

Ele vai até o painel, olhando alguma coisa. Era extremamente possível. Ele então apenas diz:

'- Eu precisaria de um tempo, mas seria possível tentar triangular a localização desse tal círculo, vasculhando as imagens das câmera da prefeitura...'

Ele pergunta rapidamente a Margarita:

'- Como vocês chegaram lá, Margarita? Isso poderia me ajudar... mas podemos conversar sobre isso depois... precisamos repor as energias, o dia foi ralado...'

Ele volta a Sidhe, relatando novamente a todos:

'- O fato é que é possível descobrir um pouco mais sobre esse grupo com um pouquinho de jeito. Talvez, com um novo encontro de Margarita com esses rebeldes num local previamente vigiado também. Pode ser possível observá-los. Com isso, estaríamos a um passo a frente deles...'

A notícia de um grupo terrorista deixava o Nocker temeroso. Se eles descobrissem o que o Nocker preparava em sua oficina, eles poderiam tentar adentrar o freehold, roubar a máquina de guerra e utilizá-la contra do próprio ducado!

*Isso é muito grave!*

Margarita suspira após responder a nobre.
Dificilmente algo físico a derrubaria, mas sua cabeça e seu coração eram mais poderosos que qualquer pancada. Sendo assim, o cansaço por cada peso em sua mente refletiam de forma explícita em seu corpo sempre tão resistente.

Após seu relato algo no olhar condescendente da Sidhe muda e esta se aproxima com a delicadeza dos amantes. Em resposta ao toque suave, o rosto da negra instintivamente se move de forma sutil para sentir melhor a carícia e permite perder-se um instante nos profundos olhos verdes de Lady Evony.

A pergunta que vem a seguir faz com que a Marga passe a língua lentamente pela boca, mordendo o lábio inferior, segurando qualquer ideia de sair em forma de palavras naquele momento. A Condessa era uma mulher inegavelmente bela, e daquela energia que seu corpo insinuava, a Sátiro estava faminta...

*Tantas coisas, minha querida... você não faz ideia.*

...E aparentemente continuaria, pois Ikkarus desata a falar.

"- Podemos pensar em algo, Condessa. Estou aberta a ideias."

O momento passa e Margarita responde num tom um pouco ríspido ao Nocker.

"- Agradeço o reconhecimento, Sir Ikkarus."

O semblante claramente constrangido do Nocker só piorava a insatisfação com a interrupção.

*Isso vai ter volta... ah, se vai.*

"- Foi dito que entrariam em contato comigo logo. Não creio que seja útil triangular de agora. Eu sou só a ponta de uma corda onde cada nó aparentemente se sente pronto para arrebentar de bom grado."

Lembra de Mercedez e de sua expressão serena ao tirar a vida de seu corpo Outonal. A chama acesa pela Condessa volta a se enevoar nos olhos cinzentos da Sátiro.

"- Passamos por coisa pra caralho hoje, sim..."

A Sátiro tira seu cantil do bolso. Fecha os olhos por um instante...

*Macallan 1926.*

... E dá um farto gole na bebida. Uma bebida cara para um momento que custaria caro ao jovem Estouvado.

Idris escutava os relatos de maneira quase desinteressada, não por não serem interessantes, mas naquele momento, ele estava realmente quebrado e ainda lutava para entender a nova maneira de sua mente ver o mundo, de repente, tudo parecia sem importância.

*Menos você..*

..porém, o olhar de Arianna sobre ele o "distrai" deste momento, e, deixando a conversa dos outros três seguir seu rumo, questiona..

"-Você fez uma promessa, e eu, outra, uma delas será quebrada para que o outro tenha sucesso..."

O entregador chegava com umas 6 caixas de pizza, ele comenta que foi difícil achar ali e entrega elas. As crianças, um pouco afobadas, tentam ajudar e colocam as caixas de pizza por cima do painel. Ao abrirem as caixas fazem uma expressão como se tivessem achado um grande tesouro e cada um pega uma fatia.

Blitz pega uma caixa e vai junto com o pequeno Eshu e Fagulha para um dos cantos. Os três sentem em volta da caixa e ficam ali conversando e comendo.

Ariana escuta atentamente o relato de Evony e apenas comenta:

" - Então as lendas se concretizaram... o Inverno chegou e realmente o dragão pretendo voltar para Arcádia, ou para o Sonhar Distante... A banalidade já deve estar se entranhando no Sonhar pelos Trods como aconteceu no último Quebrantar e as Quimeras mais fortes vão ser as primeiras à fugir ou desaparecer..."

Diante do comentário de Ídris, Ariana apenas sorri da inocência do Eshu, ela pega uma caixa de pizza, vai até ele e se senta no chão ao seu lado, colocando a cabeça de Ídris no seu colo e afagando seus cabelos em um cafuné. Ela fala apenas para Ídris:

" - Eu te entendo, meu querido... O Leão de sua nova casa foi a gasolina no fogo que já queima em você.."

Ela então comenta com todos, de forma resoluta e sem nenhuma expressão de medo:

" - Diante dessa mudança de cenário.. eu pretendo tentar fazer um novo acordo com Parthunaax.. Se ele lutar ao nosso lado contra a Imperatriz do Inverno, jurarei ir com ele em direção ao Sonhar Profundo ou na busca por Arcádia.. Claro.. isso depois de convencer ela que minha partida não foi proposital.."

Se vira então para Íkkarus e fala:

" - Eu agradeço o refúgio que nos deu em seu Freehold, Sir Ikkarus. Sem querer abusar da hospitalidade, apesar de apenas dormir em seu domínio já nos ajudar muito, gostaria apenas que decidisse quem irá se beneficiar da lumeeira essa noite.." - Ela dá um olhar cúmplice para Evony - nós, Nobres, respeitamos seu direito de domínio."

Fala para Marga então:

" - Sua coragem é inspiradora, Sátiro. Você se encontraria como membro da Casa Fiona."

A Condessa estava absorta na Sátiro, Evony não era uma mulher que tinha o hábito de negar nenhum dos seus desejos. Mas o Nocker desata a falar de maneira rápida cortando o clima. 

Evony apenas dirige um olhar mortífero em sua direção e fala: 

"-  Aceitarei sua proposta Sir Ikkarus, tenho certeza que não falharás nesta missão."


*Esse traidorzinho precisa aprender uma lição...*

A Sátiro responde ao pequeno e atrapalhado inventor com toque de rispidez enquanto comenta sobre os eventos do dia e dá um longo gole em seu cantil mas não sem antes se mostrar aberta as idéias de Evony. 

A Sidhe ignora o Nocker e volta a encarar a Sátiro enquanto responde: 

" - É sempre bom estarmos abertas ao novo... Será que eu poderia provar um pouco?"

Fala enquanto olha para o frasco encantado, mas não sem antes passear com os olhos pelas curvas da bela sátiro. ]

A Pizza chega as crianças se servem e apesar de odiar a noção de comer aquele pedaço gorduroso de lixo que os humanos chamavam de comida, Evony sente a necessidade de seu corpo mortal e se serve de uma fatia. 

Arianna e Idris trocavam palavras e Evony observa discretamente o casal. 

*E eles viveram felizes para sempre... Ou não.*

A estúpida Fiona fala sobre um novo acordo com dragão para que ele lute também contra Imperatriz e Evony dá um sorriso encorajador enquanto fala:

"- Tenho certeza que se algum de nós conseguiria isso seria você minha querida..."

*Se ela conseguir, a minha mixórdia trará um trunfo e tanto para o combate. Se ela falhar, ele se cansa dela e a devora. De todas as formas eu ganho. Eu sempre ganho.*


A Sidhe da Casa Fiona então fala sobre o Freehold e questiona um dos donos sobre quem se beneficiaria da lumeeira. Evony responde ao olhar cúmplice de Arianna e volta a sua atenção para o Nocker enquanto se senta cruzando as pernas e mordiscando sua fatia de pizza.

Quando o entregador chega com os tesouros, os pequenos recuperam parte da energia e vão juntos a conversar. Para Marga, era reconfortante ver que Blitz não precisaria entrar no inverno sozinha. A solidão é traiçoeira, mas ainda mais devastadora ao coração dos seus.

Ao voltar seu olhar para Lady Evony, os olhos verdes passeavam por sua pele negra de forma analítica, finalizando o percurso no frasco em suas mãos.

"- Faço muito gosto, Condessa. Creio que não poderia compartilhar um sabor às escuras de escolha mais oportuna."

Devolve o olhar à bela dama a sua frente. E descreve enquanto estende a garrafa para a Nobre.

"- Bela, intensa, encorpada, com notas picantes e de um valor que tomaria para si castelos."

Falava da bebida? Também... aqueles lábios mereciam sabores exóticos, e as notas frutadas do Whisky na temperatura perfeita seriam o que poderia oferecer de forma mais imediata.

*Na sociedade,  uma dama...*

O dito popular trás um sorriso malicioso aos lábios da Sátiro, que admira a harmonização do lixo ao luxo. A comida das mais simples com a mais cara das bebidas.

Lady Arianna comenta sobre um novo acordo com Parthunaax. Ela e Sir Idris pareciam cada vez mais próximos e a delicadeza da Fiona se equiparava naquele momento apenas à sua coragem.

*Que o Sonhar permita que os corações se aproximem ao invés de mantê-los distantes pela eternidade.*

Sua pergunta a Ikkarus vem de forma  capciosa. Alguém se beneficiaria da Lumeeira, de fato. Sátiro passa seu olhar pelo Eshu e termina seu trajeto encarando com curiosidade o Nocker.

Em resposta a generosidade de Lady Arianna, Marga fala em doce tom.

"- Suas palavras me aquecem o coração Milady. Uma honra poder inspirar, mesmo que por um breve momento, alguém que tem minha admiração."

Mesmo em seu cansaço, uma reverência respeitosa à Sidhe de cabelos dourados e um sorriso. Era bom tê-la de volta, e aproveitaria o tempo qual ela ainda estivesse ali.

Como seus pensamentos, seu corpo permanecia inquieto.

A dupla lasciva claramente desgosta da intervenção do Nocker. Tendo a atenção novamente de ambas para o que importava, ele escuta a resposta da Sátiro, já pensando.

*Mas sempre existe um nós mais forte que não arrebenta facilmente... quem será qeu articula esse movimento?*


Margarita finda por bebericar de seu cantil. Nesse instante as pizzas chegam. Os Infantes fazem algazarra, mas logo se concentram em comer. Idris e Arianna conversavam de maneira enamorada - enquanto Marga e Evony pareciam fazer o mesmo -, até que a Fiona decide que conversaria com o dragão.

*Ela é necessária aqui... espero que tenha sucesso...*


A jovem então agradece o Nocker pelo refúgio, perguntando quem iria ser aquecido pelo calor da lumeeira naquela noite. Eram muitos, o fogo não era suficiente. Ele olha para os irmãos e comenta:

'- É o mínimo que podemos fazer, milady... mas esse domínio já não é apenas meu, mas compartilhado com meus irmãos, Idris e Margarita... gostaria de compartilhar com eles essa decisão, apesar de acreditar que Sir Idris precise desse alento mais do que qualquer um essa noite...'

Idris estava se distanciando, parecia que cada vez mais estava caindo para dentro de sí mesmo... Ou talvez fosse apenas sono e exaustão.

Ele escutava as palavras de Arianna e tudo parecia distante, ele se limita a dar um meio sorriso..

Quando então Ikkarus fala sobre o domínío compartilhado e, sobre a sua necessidade, Idris reune suas forças e diz..

"-Ikkarus, Lady Arianna terá apenas hoje como descanso, depois de sua prisão, para onde retornará brevemente, não vejo problemas em conceder-lhe o pedido.."

..E, dito isto, parece novamente amolecer cedendo cada vez mais ao sono.

Íkkarus escuta as palavras de Idris. Não se oporia, se aquele era o desejo do Eshu. Ele apenas olha para Margarita e depois para Idris novamente e diz:

'- Você trás uma motivação justa, sir Idris. Caso Margarita não se oponha, acho que Arianna tem todo direito de se aquecer à lumeeira hoje a noite antes de sua nova empreitada... que a chama de nosso freehold aqueça-a e sirva de guia para que ela retorne bem sucedida...'

O título não subira a cabeça de Íkkarus, afinal. Ao informar que o Tripla Espiral a eles pertenciam, Margarita olha-o com um pouco menos de agressividade e Idris, apesar de tudo, levanta um ponto muito válido.

*Teremos a certeza de sua companhia apenas por esta noite...*

O Nocker se manifesta, recebendo um aceno positivo de cabeça como resposta. A Sátiro se levanta para buscar um pedaço da pizza. Com a adrenalina passando, seu corpo além de tudo sentia fome.

"- Idris tem razão, Lady Arianna. Por mim, a Lumeeira lhe favorecerá hoje."

Olha para o exausto Eshu acarinhado no colo da Nobre de cabelos dourados.

"- Recupere suas forças, descanse. Que a estadia aqui ajude a manter a chama de seu coração acesa e forte."

Um frio percorre Margarita por dentro. A Mixórdia se separaria novamente. Enquanto via os Infantes unidos, conversando animados, começa a mordiscar sua pizza em silêncio, com o olhar cada vez mais distante.

A Condessa pega delicadamente o frasco dá sátiro e dá um pequeno gole enquanto a encara nos olhos. Os gracejos da bela jovem eram suficientes para arrancar um sorisso de Evony que devolve o frasco. 

"- Delicioso..." responde em um tom de voz um pouco mais baixo. 

Os donos do Freehold decidem por deixar que Arianna se beneficie da Lumeeira, e por estar mais interessada em outros prazeres, a Condessa de Eiluned nada diz. 

Observando então que todos se preparavam para dormir ela sussurra para Sátiro:

"- Não teria um outro lugar que pudéssemos continuar nossa conversa e nosso drink? As crianças devem estar cansadas..." ela aponta com o queixo para os infantes e também para o irritante nocker. A Condessa olha para o painel de controles como se tivesse uma ideia.

Todos haviam comido suas pizzas e as crianças já dormiam aninhadas umas às outras onde estavam brincando.

O cansaço já era extremo e a sensação de estar em um Freehold era aconchegante.. A própria Lumeeira que brilhava no centro do painel, parecia saber disso e muda sua iluminação para uma luz mais fraca porém mais aquecedora, oferecendo o refúgio para a Mixórdia.

Ariana que estava sentada no chão, com a cabeça de Ídris em seu colo, apenas fecha os olhos e encosta a cabeça na parede. Havia um silêncio profundo enquanto cada um relembrava o longo dia que tiveram, como sempre, um dia de um Kithain era como uma vida inteira de um mortal.

Diante daquele silêncio, cortado apenas com Evony e Marga conversando mais baixo, Ariana começa a cantar uma canção para a sua Mixórida:

" - Agora eu era o herói. E o meu cavalo só falava inglês..."

Ao beber do Whisky, Lady Evony não se priva de sorrir ante às palavras de Margarita. Seus olhos, que se tornavam distantes, tem sua atenção novamente capturada pelos orbes de esmeralda da Sidhe.

O som das crianças cessa. De rabo de olho, Margarita as vê aninhadas em um cando da sala, enquanto um canto baixinho na voz de Lade Arianna tomava conta do ambiente.

"Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz"

Ali estavam em seu Freehold. E naquela segurança, as luzes diminuiam para aconchegar as crianças (Ikkarus incluso) e os apaixonados... E elas não se encaixavam ali em nenhuma das duas categorias.

"E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz..."

*À Marga, basta a vida...*

Passa o indicador levemente por sobre os lábios e inclina suavemente o corpo para frente, sem tirar os olhos dos da Condessa, falando num tom de voz baixo.

"- Eu tenho um lugar adequado em mente..."

Ao levantar da cadeira, oferece com delicadeza a mão para a Sidhe e a conduz pelo pequeno corredor que dá acesso aos quartos enquanto a música de Lady Arianna vai parecendo cada vez mais distante.

"Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Sim, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo..."

Para diante uma porta simples, onde havia pequeno adorno em forma de "M", indicando ser o quarto correto. Abre a porta para a Condessa Eiluned, tocando suavemente as costas da Sidhe com uma das mãos e com a outra, indica para que entre.

"- Creio que aqui possamos conversar mais tranquilamente, minha Condessa."

O Freehold realmente era um lugar mágico. Era muito maior por dentro do que parecia por fora, e isso se espelhava em seus cômodos. Ao ligar a luz, Margarita toma o cuidado de acender uma luz de cor mais quente, mantendo o ambiente acolhedor. O quarto não tinha janelas aparentes, apesar de haver algumas molduras com cortinas vermelhas que as sugeriam. A primeira coisa que poderia se notar ao entrar no quarto era encostada ao centro da parede oposta à porta, uma cama de madeira onde grossas argolas de metal se fixavam em cada uma de suas 4 pontas, e nela, um colchão revestido de algo que parecia couro vermelho. Nas paredes dos dois lados da cama, cortinas amarradas deixavam à mostra os cabideiros de onde pendiam de um lado algemas e cordas, do outro, alguns chicotes e ganchos que lembravam anzóis. À parede esquerda (mais próximas das algemas), acima de um chão sem obstáculos, uma grade unia parede e teto como a hipotenusa de um triângulo. A parte mais baixa do metal trançado era o suficiente para uma pessoa de altura média permanecer de pé. Seguindo a parede com o olhar, um pequeno móvel com gavetas que facilmente poderia ser afastado para servir de apoio para sentar, separava aquele microambiente 2 cadeiras simples, seguras e confortáveis que ficava junto à uma mesinha com gavetas adornada com uma pequena luminária.

"- Entre. Fique à vontade de sentar em qualquer lugar, se assim for o seu desejo."

*Na minha cara, inclusive, é um ótimo começo.*

A Sátiro sorri com o pensamento travesso.

Encostado na parede da direita, próximo aos chicotes, um sofá que lembrava um divã. À frente da cama, um pequeno móvel baú, também de couro vermelho. Ao olhar ao redor, poderia se perceber no canto imediatamente à direita de quem entra pela porta, almofadas espalhadas pelo que parecia ser um colchão futon espaçoso. Um armário logo ao lado deste, embutido na parede da direita com apenas 3 portas, não parecia ter espaço para muitas roupas. Haviam algumas saídas e entradas de ar que deixavam o quarto a uma temperatura agradável.

"- Uma daquelas portas é um banheiro. Nas outras, você pode encontrar roupas mais confortáveis, posso lhe arrumar algo se quiser se trocar."

A Sátiro dá mais um gole de seu Whisky e senta no banco baú, esperando a Condessa se familiarizar com o lugar.

A Condessa se permite ser guiada pela Sátiro enquanto sua mente se perdia em devaneios. Agora era a hora de deixar a política, o Ducado, os problemas de lados e se focar em necessidades mais primais. 

Existia uma excitação no ato de ser guiada por uma sátiro para um lugar desconhecido. Existia um prazer obscuro em uma Sidhe como Evony ceder o controle da situação, mesmo que temporariamente. 

As duas chegam a um pequeno quarto com a letra M, a porta se abre e um lugar mágico e inusitado se revela. 

*Ora Ora... O que temos aqui...*

A Nobre parece fascinada, ela entra sem hesitar enquanto observa de perto os vários brinquedos e apetrechos. Alguns a Sidhe não era capaz de entender como funcionavam, mas isso não é preocupava nenhum pouco. Era hora de se deixar levar pelo momento. Delicadamente ela toma o cantil da Sátiro em suas mãos e dá um longo gole enquanto olha o local. 

Margarita indica o banheiro e pergunta se Evony necessita de algo mais confortável. A Sidhe ri livremente enquanto responde: 

"- Eu não acho que ficarei mais confortável com qualquer outro tipo de roupa..." fala a Sidhe enquanto afasta o cabelo das costas revelando os botões que fechavam seu voile a Sátiro. 

"- Se incomodaria em me ajudar?"

Pergunta de forma faceira, a Sidhe. 

A porta se fecha e sons de risadas podem ser ouvidos do quarto. Mas o que aconteceu exatamente ali só seria sabido pela Sidhe e Pela Sátiro. Mas nada impede o caro leitor de sonhar...

O sono enfim chegava e todos acabaram dormindo. Ídris em um sono pesado, Íkkarus já tinha tido um sono mais leve, como sonhos sobre o espaço e Nyota, que parecia ser uma lembrança cada vez mais distante.

Evony e Marga em certo momento também dormiam. A Sidhe era incrivel e sabia lidar bem com a sexualidade, mas entendia um pouco mais do que se tratava ter uma Sátiro em sua cama enquanto Marga, pelo menos por aquela noite, se apaixonava, pela beleza da Elfa.

Havia apenas o silêncio no Freehold e já amanhecia..

TOC TOC TOC

Todos são acordados no susto por três batidas fortes na porta, Ídris acorda, olha em volta e nota que Ariana já não estava mais lá. Ikkarus estava mais perto e se levanta para ir atender, enquanto todos se aproximam.

TOC TOC TOC TOC

Mais batidas fortes na porta.. Quando Íkkarus abre, vê Duque Keldrian ap Gwydion, ele sem cerimônias entra no Freehold. Todos notavam que o Sidhe parecia diferente. Além de estar um pouco desnorteado, ele tinha os dois olhos e as duas orelhas. Usava também uma bonita armadura dourada. Ele olha para os presentes e pergunta:

" - Vocês são a Pés-Escuros, certo?"

Sem esperar ninguém responder ele apenas fala ainda um pouco confuso:

" - Preciso da ajuda de vocês... Há meses, o Duque que está controlando o Ducado é um impostor."

FIM DA TEMPORADA.

A história continuará em um jogo via roll20 com o encontro com os Lobisomens.

Em abril, começaremos a Corte do Inverno.