Ducado do Belo-Mar
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O Fogo da Fome Empty O Fogo da Fome

Ter Set 24, 2019 4:44 pm
O Bando finalmente começa a descer do trailer, Riobaldo, bastante sério, dá as instruções para os seus Kithain:

" - Vamo seus cabra froxo! Coloquem os mantimentos empilhados no meio do vilarejo, quero uma pilha bem grande hoje!"


Alguns moradores vão até Riobaldo e tocam sua mão como se ele fosse algum tipo de santo. Ele continua falando agora para os humanos:


" - Pois vejam o que podemos fazer! Faremos uma pilha bem grande de comida hoje e mais uma vez vamos alimentar o Fogo da Fome! Mas não foi fácil, trouxemos a comida a muito custo e de muitas vidas dos nossos!"

Os corpos, enrolados em lençóis brancos, também são levados em direção até onde as comidas estão sendo empilhadas. Algumas senhoras vão até os mortos e colocam alguns galhos secos por cima como se fossem flores.

Riobaldo vira para a Mixórdia e comenta:

" - Fiquem à vontade.. É aqui que recuperamos nosso Glamour e mais importante de tudo, garantimos que ele continue fluindo para nós. Aproveitem, hoje vocês são meus convidados e estão sob minha proteção enquanto seguirem nossas regras."


Havia uma sensação de Glamour latente naquelas pessoas, era algo um pouco diferente do que cada um do Ducado estava acostumado. Ali havia uma crença real no fantástico, diferente das pessoas da cidade-grande, que em geral possuíam uma fé cínica e mais cinza. Inclusive, havia um sentimento de quase lembrança, aquelas pessoas chegavam um pouco mais perto de uma época onde os espíritos faéricos andavam livremente e que tudo era possível. Uma época antes do Estilhaçar.


Diadorin também se aproxima da Mixórida, aponta para um homem e comenta:

" - Ali está quem vocês procuram."


Era um homem simples, com aparências simples. Em sua mão, estava a Rabeca. Ela emanava um Glamour poderoso, o instrumento estava muito bem cuidado e ele, sentado em uma cadeira passava um pano o lustrando ainda mais.


O Fogo da Fome Angela033_thumb

Uma criança bastante magra pára ao lado de Marga e começar a olhar curiosa para as pernas dela, depois olhava para as pernas de Diadorin, a outra Sátiro. Às vezes, crianças humanas conseguiam ter pequenos vislumbres do Sonhar.

Alguns jovens do vliarejo também arrumavam seus instrumentos musicais. Enquanto um senhor que parecia ter muita idade apenas estava sentando em uma cadeira vendo os alimentos serem colocados. Era uma vilarejo pequeno, talvez umas 6 a 8 famílias apenas viviam ali.
Sir Íkkarus Kataskevastís
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Qua Set 25, 2019 12:04 am
Íkkarus desce do trailer acompanhado da mixórdia e diante de seus olhos a vastidão do sertão se apresenta. Aquele era o retrato de um mundo que ele nunca havia conhecido. Um mundo totalmente diferente daquele em que ele estava acostumado. A cena que se segue traz um peso leve na boca do estômago do Nocker, como se lhe fosse um sobreaviso. Era a sua parte feérica dizendo-lhe o quão perto do fantástico estavam ali. As pessoas de fato adoravam a Riobaldo como se ele fosse um santo, algum tipo de entidade que estava ali para ajudá-los. A quem pouco tinha, qualquer ajuda era um grande suplício.

*Eles realmente dependem do bando, assim como o bando depende deles.*

Ali estava retratado um cenário de mutualismo. Riobaldo e seu bando traziam mantimentos para alimentar o tal Fogo da Fome, os moradores da vila alimentavam o bando com o Glamour, que ali parecia quase tão denso que era quase possível tocado no ar. Ou talvez fosse apenas os grãos de areia que se arrastavam pelo vento quente... o Estouvado não sabia precisar.

Perdido observando a cena, Íkkarus volta a atenção a Pés Escuros quando Diadorin se aproxima, apontando quem era o tal do novo dono da rabeca. Um velho. Simples, de roupas surradas e manchadas. Não devia ter muitas posses, evidentemente. Mas havia a Rabeca! E essa, inversamente aos trajes do homem, estava muito bem cuidada... ele realmente a tratava como o tesouro que era.

*Ela esteve em boas mãos...*

A angústia da ideia de tirar o tesouro da posse de seu atual dono ainda se entalava na garganta do Nocker como uma espinha de peixe. Incomodava. Ele aguardaria para ouvir o que o restante do grupo havia para falar sobre o caso. A necessidade de levá-la era um fato, mas como o fariam sem causar danos ou quebrar promessas?
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Qua Set 25, 2019 2:59 am
Era tudo muito simples, e aquelas terras haviam castigado aquele povo até o limite. Seus espíritos, pelo contrário, teimavam em ter esperança. Eles tinham aquela teima forte e convicta que muitos chamam de fé. O Glamour emanava dos moradores de um jeito como a Sátiro nunca havia experimentado. Mesmo os apaixonados que inspirou a buscar seus amores, a fazer canções, poesia, noites perdidas e reencontros, nada disso se comparava aquelas pessoas. Os sonhos a eles não eram apenas algo distante, mas algo tão próximo que suas vidas eram apostadas a cada empreitada do bando para trazer a esperança de mais um dia. O sentimento dentro do coração da olhos cinzentos ante aquilo era inusitado.

*Este sentimento é...*

A palavra que procurava era saudade. Não de alguém, mas de um elo que foi perdido e que ainda existia naquelas pessoas. Um gosto amargo lhe vem à boca ao lembrar o que precisavam fazer, e ela toma um gole de sua garrafa. Ao guardá-la de volta no bolso vê que Riobaldo era quase um santo para eles. Ele cumpriu sua promessa, os levou ao lugar onde o mortal estava e disse ainda que, enquanto as regras fossem cumpridas estariam sob sua proteção.

Diadorin mostrara o atual portador da Rabeca. Um homem que nada tinha de extraordinário, a não ser pelo poderoso tesouro em suas mãos. Tesouro que o permitia dividir para com aqueles sonhadores esperança, alegria e sustento.

A comida e os corpos eram levados para ser empilhados, e isto trazia curiosidade dos moradores para com a Pés Escuros que eram novos a seus olhos. O deslumbre de uma criança faz a cabrita entender o quanto a linha entre o real e o mais além era tênue ali. Alimentariam o tal Fogo da Fome, o que quer que isso signifique, enquanto um velho senhor apenas observava tudo de sua cadeira.

Os instrumentos eram preparados para comemorar a chegada e Marga sorri para a criança curiosa com suas patas de cabrita. Seu sorriso não apagava suas preocupações. Uma delas era a Baronesa, que parecia convicta em sua decisão de levar o instrumento que para aqueles, era sagrado.
Zvenn Lehmann
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Qui Set 26, 2019 10:28 am
Zvenn mantinha-se em silêncio quase sempre. O Sluagh não era de falar muito, como os outros de seu Kith. Tinha o hábito de falar apenas quando necessário (ou divertido, em sua visão de diversão). Sempre próximo, porém atrás, da Baronesa, mantinha-se quieto observando o local. Lembrava-se da orientação de não presentear ninguém e olhava a criatura que procuravam. Sussurra com a Baronesa:

'- A Sátiro pode ser útil.'

Não comenta nada. Achava que uma nobre não iria se destacar a fazer aquilo com suas próprias mãos e já havia visto a Sátiro se esfregando no Eshu e acreditava que aquele pobre velho não resistiria ao charme de Margarita. Zvenn estava bastante curioso com o Glamour emanado da Rabeca, mas controlava sua curiosidade para o sucesso da empreitada.
Condessa Evony de Eiluned
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Qui Set 26, 2019 12:38 pm
Nojo. Esse era o sentimento que aflorava em Evony frente a tamanha pobreza. A Sidhe não estava acostumada a essa cena  e ver aqueles mortais esfomeados e cheios de doença a faz saudosa dos seus tempos de palácio e riquezas, mas até mesmo a memória desses tempos lhe era tomada quase que completamente pelas Brumas. 

A Baronesa enxerga de longe o velho senhor com a rabeca. Seus olhos brilham de desejo frente ao glamour do tesouro e ela estava acostumada a ter o que deseja. A Nobre nem por um segundo pensa se aquilo seria vital ao mortal ou o que aconteceria com aquele povo sem o Tesouro, empatia não era uma de suas virtudes. 

*Se dependesse de mim eu arrancaria isso das mãos desse velho e iria embora. Mas é melhor respeitar os protegidos de Riobaldo... Por enquanto...*


O Sluagh se pronuncia e a Sidhe lhe lança um olhar cúmplice enquanto balança a cabeça positivamente. Esse era um plano que ela concorda. Se distanciado um pouco e ficando as sós com os seus ela fala:

“- Algum de vocês têm alguma ideia? Eu quero acabar logo com isso.”
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Qui Set 26, 2019 12:41 pm
O cenário estava armado. Um pilha alta de alimentos estava no meio do vilarejo e à frente os corpos enrolados em lençõis brancos dispostos no chão. 

A pessoa coberta com o pano azul é levada em uma posição mais de destaque e é colocada sentada em uma almofada simples.

Todos se reúnem em frente às comidas. Riobaldo orienta que todos os Kithains fiquem entre os humanos e a comida. Os humanos ficavam frente à frente com os Kithains.

Diadorin então dá um passo à frente e começa um pequeno discurso:

" - Nós, chamados por vocês de Povo Perdido, viemos aqui cumprir nossa parte no acerto! O Fogo da Fome que vive com vocês está velho e cansado. Vocês precisam alimentar ele. Sofremos para trazer a comida para vocês e agora é hora de termos a sua paga. Queremos ver as homenagens que vocês têm para nós. "

O homem com a Rabeca dá um passo à frente, após isso, um outro também vai à frente com uma Zabumba nas mãos, uma mulher com um violão surrado faz o mesmo. O homem com o Pandeiro cantava, já a Rabeca produzia um som incrível como se o melhor mestre rabequeiro estivesse ali. A música que tocavam era exatamente essa:



Havia Glamour fluindo naquele lugar, havia esperança e havia a crença de que tudo era possível. Era um Glamour diferente, fácil de conseguir e praticamente tangível.

OFF: Todos recuperam 2 de Glamour (quem estiver com Glamour cheio perde 1 de banalidade sem teste)

Riobaldo agora que discursa:

" - Vocês conseguem se superar. Eu soube também que há um profeta entre vocês e que há profecias para nós! Quero ouvir!"

Dessa vez, um jovem em torno de uns 15 anos se posiciona à frente, ele olha nos olhos de cada um de vocês e começa dizendo de forma séria:

" - Eu vejo vocês pelo que realmente são...... HERDEIROS DO FIM DO MUNDO! QUEIMAI VOSSA HISTÓRIA TÃO MAL CONTADA!!"

Ele então declama:



Mais uma vez o Glamour fluía. Essa era uma característica do Glamour: ele motiva os humanos à criar. Ou talvez fosse ao contrário a criação criava o Glamour.. Era impossível dizer onde começava um e acabava outro.

OFF: Todos recuperam mais 2 de Glamour (quem estiver com Glamour cheio perde 1 de banalidade sem teste)

Riobaldo então fala:

" - O garoto tem o dom. Como é nosso direito, podemos escolher um do seu povo para levar às nossas terras e convívio. Eu escolho ele! Se despeça de sua família, você não os verá mais, mas nunca mais sentirá fome ou sede."

O jovem olha espantado, havia uma mistura de medo e felicidade por ser escolhido, ela vira e sai abraçando sua família.

Agora era Capitão Carniça-do-Mal que falava:

" - Medeiro-Vaz, um daqueles corpos mortos, previu que quando o Fogo da Fome não for mais alimentado, a última estrela vai brilhar no céu e nosso povo então vai caminhar para o fim junto com o de vocês. A estrela será o olho da loucura, o olho de Balor. Então é chegada a hora!"

João-Grilo, o Pooka Calango fala em tom sério para o Redcap, mas para todos ouvirem:

" - Você entende a fome, mas não entende o sofrimento que ela causa. Eu sei bem.. por isso, eu peço à unica pessoa que pode interceder por esse povo tão sofrido!"

Ele corre em direção à pessoa coberta com o pano e o puxa gritando:

" - VALHEI-ME NOSSA SENHORA COMPADECIDA!"
Zvenn Lehmann
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Sex Set 27, 2019 3:03 pm
Zvenn acompanhava a Baronesa que pede ideias. Ele já havia dado a ideia, e sabia que ela tinha pescado. Não iria se repetir e nem havia porquê isso. Se Baronesa quisesse, usaria. Seu olhar então passa por aquela gente pobre que faz uma oferenda e o Sluagh sente o Glamour emanar. Mas é ao anúncio de uma profecia que o Sluagh foca sua atenção. E a cada palavra, Zvenn buscava significados.

*Seca de Sangue, Sertão vai virar mar... no que você se meteu, Zvenn?*

Não era possível entender profundamente e nem tinha talentos para isso, mas havia curiosidade no Sluagh. Curiosidade que só aumenta quando invocam Nossa Senhora e puxam o manto que cobria uma pessoa.

*O que diabos tá acontecendo aqui?*

Não, Zvenn não ia querer racionalizar aquilo tudo e aumentar sua banalidade. Sabia que não fazia sentido procurar sentido. Tinha que deixar fluir, deixar que as coisas seguissem seu rumo e com os olhos ávidos de curiosidade observa, esperando para ver o que se revelaria após o puxar do pano.
Condessa Evony de Eiluned
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Sex Set 27, 2019 6:16 pm
A Baronesa observa os rituais daquela terra serem realizados. Existem trocas claras de oferendas e todos se posicionam. A música que é tocada é muito boa e o som da rabeca realmente era inigualável e isso é algo que toca o coração da Baronesa, a música. Para Evony a música era algo transcendental, ela sabia o poder que sua voz carregava e sabia que era a melhor cantora do mundo. 

Sendo completamente absorvida pela canção a Sidhe sente um glamour quase palpável emanando daquela cena, algo tão intenso que remove até mesmo parte das marcas causadas pela banalidade dentro de si e por alguns segundos Evony consegue ver a beleza daquele povo e daquela cena. Um povo sofrido, mas que não desiste. Um povo que ainda acredita nas maravilhas do mundo e mesmo com toda seca e má sorte não abandona a sua terra, não deixa o seu lar. 

Um profeta menino canta sobre o fim do mundo e capitão carniça fala sobre o olho de Balor. 

*O Inverno está chegando.  E quando ele chegar no mundo Outonal será Verão em arcádia e nós vamos poder voltar a nossa terra e eu governarei a todos!*


E é então que Capitã Carniça é interrompido por João-Grilo que pede para Nossa Senhora Compadecida interceda por eles e arranca o pano azul que cobria a criatura misteriosa. Era hora de saber mais um segredo do Povo de Riobaldo. 

A Baronesa dá toda a sua atenção para aquele momento, tinha muita curiosidade em saber quem era tão reverenciado naquelas terras e por que. 

OFF Game: Como a Baronesa esteja cheia de glamour, perdeu 2 pontos de Banalidade.
Idris Bancole
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Seg Set 30, 2019 3:16 pm
Idris passava o percurso dentro do trailer, absorto em seus próprios pensamentos, voltando a ter a consciência ilógica de quem ele próprio era..

*Tanto.. tanto...*

.. enquanto absorto estava, ele se afastava cada vez mais dos que o rodeavam, perdendo-se no girar das rodas, nas pedras que testemunhavam suas irmãs serem atropeladas por aquela comitiva, pela poeira fofoqueira levantada pelo rugir das máquinas que cortavam aquela terra estéril, esquecida e sábia..

*Por onde um Eshu passa...*


.. Por onde tantos heróis anônimos passaram, ele sente sua boca seca, e, em cada uma das ranhuras de seus lábios, escritos os nomes dos caídos heróis..

*João, Rita, Cassandra, Toinho, Xérox, Amâncio...*


..Agua, calango e sal, as conquistas dos heróis que cantavam sua história no sussurro das rodas, sem jamais se lamentar, calor, distância, doença e fome, os vilões que os fizeram tombar, para a morte ou para a ruptura de seus espíritos, ele os via lá, agachados, chorando um choro sem lágrimas, encarando com fúria o sol ou o horizonte, eles os via de braços abertos quando as nuvens negras se avultavam sobre eles, via o desespero em seus olhos quando as mesmas recusavam-se a cair.

Idris quis chorar, mas seria um insulto àqueles que ali lutaram, e, ao sentir o freio do carro, armou-se de sua melhor armadura, seu sorriso resplandecente, cheio de dentes, ele deveria ser o máximo que podia..

*SEMPRE..*

Propositadamente, ele deixara para sair por último do Trailer, ainda não era a hora em que o mesmo iria se apresentar àquele povo. Às costas de todos, ele se deixa inebriar por aquele ar impregnado de glamour, mais leve do que o mais tênue dos sonhos de um recém nascido, ainda embriagado pelos cheiros, ele se agacha, põe aquela terra seca entre suas mãos e as deixa correr livremente, como tudo deveria ser, ele cheira a terra, sem se incomodar com os grãos que lhe grudavam nos lábios, ainda ressecados...

*Vocês estão de volta guerreiros...*


.. de olhos fechados, ele murmura, mais baixo do que os sussurros do Sluagh, todos os nomes que consegue lembrar, resistindo ao impulso de se repreender pelos nomes que esqueceu..

*Eles ainda estão na estrada, peregrinando, mas jamais perdidos..*


Só então Idris se permite olhar de fato para aquele vilarejo, olhava demoradamente para cada um, com seu sorriso agora sujo com a terra daquele lugar, ele olhava o portador da Rabeca com especial cuidado, sabendo dos devastadores efeitos de se afastar um mortal de tal tesouro, tesouro este que poderia inclusive ter sido criado por um músico com carinho e amor especial à seu instrumento.

Ante as palavras da Baronesa, a resposta do mesmo é apenas mental..

*Tenho uma, mas você não gostará dela..*


..mas aquilo podia esperar, pois um evento tem início, e, em resposta a ele o sonhar responde, imbuindo Idris dele próprio, enquanto escutava as palavras daquela canção, que retratava uma situação alienígina ao mundo, mas, muito íntima aos Kithians...

*Todos temos fome, todos desejamos a chuva..*


E, a chuva novamente cai sobre ele após as palavras do pequeno profeta, e, enquanto o Eshu ainda reflete sobre as mesmas, o grito de João grilo vara a noite, e, instintivamente as palavras saem dos lábios rachados..

"-Valei-me..."
Sir Íkkarus Kataskevastís
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Seg Set 30, 2019 5:44 pm
Perdido em seus pensamentos, o Nocker acorda diante do questionamento da Sidhe. Ela inquiria a Mixórdia sobre algum plano. Íkkarus ia respondê-la, mas a movimentação diante do grupo chama-lhe a atenção. A criatura coberta com o manto azul-celeste é trazida ao centro da cena. Seria aquele o momento em que seus olhos desvelariam o fino tecido e descobririam o conteúdo inerte sobre ele? Talvez.

*O que diabos vai acontecer?*

Humanos ficam diante de Kithains. Diadorin pede a palavra. O discurso da Sátiro é breve, mas deixa mais claro ainda a relação mantida entre o povoado e o bando de Riobaldo. Eles precisavam de comida e os Kithains, embuídos com os espíritos que outrora foram adorados em épocas imemoriais, necessitavam de suas homenagens. O pedido é de pronto atendido pelo velho da Rabeca e um pequeno grupo de humanos, os quais tocavam uma música de ritmo quente e acelerado. As batidas do coração do Estouvado acompanham a música e seu corpo, desajeitadamente, balançava de um lado para o outro. 

O pedido por chuva recitado nas palavras do pandeirista fazia com que um cheiro brotasse por deixado das narinas de Íkkarus. Os homens céticos diziam que aquilo era o aroma do ozônio que se destacava dos seus e caia sobre o solo seco daquela terra. Eles mentiam! Naquele instante o Nocker sabia exatamente de onde vinha o cheiro. Vinha da esperança daquele povo! Da esperança de um dia melhor, de uma colheita fértil... de chuva! Era esse o seu cheiro e nenhuma outra explicação era necessária!

Não só o cheiro, mas o gosto de água da chuva preenche a boca do Changeling que sacia a si com aquelas 'palavras'. Sentia-se saciado... da sede de água, da sede de Glamour. Eram as homenagens daquele povo que abasteciam a necessidade mais primordial de Íkkarus; a necessidade do Sonhar!

*Isso realmente é incrível!*

Mas Riobaldo não estava satisfeito. Ele queria mais! Muito mais! Ele convocava o profeta daquele povo e um garoto de 15 anos se apresenta.

Seca e sangue.

Essas palavras penetram na mente de Íkkarus e ressoam durante toda a profecia. Ele escuta o garoto chamarem a eles como os herdeiros do fim do mundo

O sertão vai virar mar.

Mais palavras que impregnam a cabeça do Nocker. Ele fica por um momento extasiado, quase em transe, voltando apenas quando Riobaldo toma posse do garoto. Após isso, o Capitão Carniça-do-Mal revela mais palavras profetizadoras. Falava sobre o fim dos tempos e o fim do Fogo da Fome, ao passo que João-Grilo o interpõe e faz aquilo que o Nocker há muito tempo tinha vontade.

Os olhos do Estouvado percorrem o tecido azul-celeste esvoaçante que dançava em meio ao vento, agora livre. Livre também estava a criatura embaixo dele. Nossa Senhora da Compadecida? Havia sido assim que o Pooka a chamara. Seria mais uma de suas brincadeiras ou realmente seria verdade?
Margarita Martinez
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Seg Set 30, 2019 8:51 pm
As pessoas tem a visão limitada... Tem sempre a impressão que podem compreender tudo olhando a primeira vista, o que é por demais injusto com o que se está vendo. A Baronesa pede idéias, e Margarita tenta recuperar seu foco.

*acabar logo com isso...*

Mas um primeiro olhar em algo, sempre merece alguns segundos a mais em um segundo olhar. Não ver a beleza ante os olhos, mesmo vestida pela simplicidade, é o que faz os grandes amores passarem despercebidos. A pilha ao centro é feita. Kithains e humanos ficam frente a frente. O Povo Perdido trouxe uma oferenda ao custo de sangue e morte, e em troca, os humanos agora pagariam seu quinhão.

A música começa, e Margarita fica encantada com aquilo que pessoas tão frágeis conseguem exprimir com tamanha força a se fazer sentir. Suas preocupações por um instante, se esvaem e ela tem neles sua total atenção. O homem da Rabeca começa a tocar acompanhado de uma zabumba, um violão e um pandeiro portado pelo cantor de uma música que arrepiou a Sátiro inteira, do casco aos cornos. O Glamour vinha a lhe envolver como se um cheiro quente do chão desprendesse o mormaço ante às primeiras gotas de chuva. Ela quase conseguia escutar o canto do Sabiá do Sertão.

*A fartura esconde o saco que a fome pedia esmola... *

Após isso um oráculo é chamado. Menino ainda novo, mas olhava para cada um nos olhos, com a certeza em suas palavras as proferia com força, e com força, o Glamour novamente a negra cor de canela. Ao olhar nos olhos da Sátiro, esta o encara com seus olhos cinzentos que brilham e pensa:

*Você me vê inteira, menino...?*

Abriria um sorriso, mas sua atenção se prende nas palavras do menino, que depois é reivindicado por Riobaldo. Capitão Carniça do Mal fala de outra profecia, antes proferida pelo Finado Medeiro Vaz, seguido nas palavras por João Grilo, que puxa o pano azul sobre a misteriosa figura.

*Nossa Senhora Compadecida? Não pode ser...*

Sua respiração para por um instante numa expressão de surpresa:

"Eita..."
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Qui Out 03, 2019 12:36 am
Um momento era tudo que bastava, assim que João-Grilo puxa o pano, tanto Kithain quanto humanos se ajoelham. O que se revela é algo estranho até mesmo para um Changeling.

Uma mulher de olhar triste e cabelos escuros. Em certo aspectos lembrava uma Sidhe, na verdade parecia que ela já tinha sido uma dos sangue azul, mas ela não era mais uma Sidhe, era algo além daquilo, algo além de qualquer casa de nobreza ou título. Havia uma aura de serenidade e principalmente de imortalidade naquela mulher de olhar tão triste.

Um Glamour diferente emanava e era claro que aquela energia duraria para sempre enquanto ela continuasse sendo aquilo que ela era. Um manto cobria sua cabeça e seus olhos se enchiam de lágrimas enquanto ela olhava para o sofrimento de todos ali.

João-Grilo então se levanta e diz:

"- Minha senhora, venho rogar para você, mãe daqueles que sofrem e que veste o manto de santa! Intercedei por esse povo sofrido e não permita que o fogo da fome os deixe sem nada!"

Ela então, com uma voz cheia de compaixão, pergunta ao Pooka:

" - Essa não é mais uma de suas brincadeiras não é João? "

Ele apenas nega com a cabeça, ela então se vira para Riobaldo e fala:

" - Riobaldo, eu conheci muitas vidas suas desde que vesti o meu manto. Te vi criança várias vezes. Em nome disso, lhe peço que não deixe que o Fogo da Fome tire tudo deles."

Riobaldo também se levanta e responde:

" - É impossível negar um pedido seu, minha senhora... "

 Ele se vira para todos e diz:

" - Cada pessoa desse vilarejo, vá até lá e pegue um e apenas um alimento."

As pessoas vão até onde a comida está e cada um tira um dos alimentos. Alguns pegam um saco de arroz, outros de farinha, entre outras coisas. Era pouco, mas já era alguma coisa. Quando todos pegam um dos alimentos a mulher com o manto de santa diz:

" - Obrigado Riobaldo, é triste mas o que deve ser feito, deve ser feito. "

Capitão Carniça do Mal então anda até próximo da pilha de alimentos, ele tinha na mão uma garrafa de cerveja com um pano enfiado na ponta. O Redcap então acende o pano com um isqueiro e joga a garrafa em direção à comida. A garrafa estoura enquanto a pilha de alimentos começa a pegar fogo fazendo uma grande fogueira.

De dentro daquele fogo é possível ver uma silhueta humanoide e quando o fogo chega no seu máximo um ser sai de dentro da fogueira. Era um homem com um belo corpo, porém o corpo parecia em chamas mesmo sem se queimar. Ele sai, olha para todos enquanto a fogueira que foi acesa  começa a diminuir.

O Fogo da Fome 484b49d3a3dfd79eb8917009e85f2f13

Diadorin então fala:

" - A paga foi feita, o Fogo da Fome foi alimentado e irá conviver com vocês por mais um tempo. Aprendam com ele de novo, ele tem muito a ensinar à vocês, quem sabe na próxima vez, quando ele estiver faminto de novo, ele não venha e finalmente a fartura vai chegar no vilarejo.. Mantenham a esperança! "

O clima fica um pouco mais leve, alguns vão falar com o Fogo da Fome, outros se ajoelham perante a Santa e começam a rezar um "Salve Rainha" e alguns vão buscar outras coisas para fazer. Riobaldo vira para a mixórdia e finaliza:


" - Tá feito! Se a gente desse toda a comida que eles precisam, muito em breve eles iriam embora pra cidade e esse Vilarejo acabaria, não teríamos mais Glamour e eles perderiam essa fé que eles têm. Fiquem a vontade para fazer o que acharem que deve ser feito. "
Idris Bancole
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Qui Out 03, 2019 10:30 pm
O Joelho do Eshu toca o chão antes mesmo que a última sílaba deixasse seus labios..

*Por todo o sonhar....*

...a criatura que se revelava, transcendia os conceitos de nobreza, de hierarquia, de majestade, era algo mais... mais aterrador!

A vida era um caminho, um caminho maravilhoso cuja a urgência de seu fim era a força motriz para que as coisas fossem feitos, neste caminho, tudo que pensava, sonhava, mas, aquela criatura emanava a verdadeira sensação de imortalidade, e, aquilo, assustava o Eshu mais do que tudo.

Ele pensa em instintivamente se benzer, talvez, embalado pela reverência absoluta daqueles à criatura, mas, Idris imaginou que aquilo apenas a fortaleceria, e, por mais que sentisse a serenidade que ela emanava, ele não era sereno, ele era fogo e vento, poeira que sonhava ser nuvem, ele era movimento...

Ele assistia em silêncio enquanto o ritual era performado, enquanto o pedido da criatura era atendido e quando o fogo da fome chega...

*Um ciclo...*

.. os “porquês” daquele ciclo intrigam o Eshu.

*Fomos reduzidos a ISSO? Escravizando um povo para que nos adorem?*

Ele entendia, mas, o azedo em sua boca era um reflexo perfeito de sua opinião, eles deveriam ser adotados de toda forma, deveriam viajar o mundo a inspirar e serem recompensados, mas, quando sua hubris ameaçava estourar, a antiga curiosidade se atiça...

Levantando-se e caminhando até o fogo da fome ele questiona-o sem meias palavras..

“-Me conte sua história...”

Condessa Evony de Eiluned
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Sex Out 04, 2019 12:50 am
A surpresa é estampada no rosto de Evony ao ser revelado a estranha mulher que estava por baixo do pano Azul. João Grilo pede por ela como para uma santa e a nobre presta muita atenção na maneira como todos se dirigem a ela com respeito. 

A Sidhe também pode observar o Inanimae do Fogo da Fome e ente o valor do sacrifício daqueles mortais. A própria Baronesa também precisa de grandes sacrifícios para se manter e sentia uma certa cumplicidade com aquele ser. 

Por mais que o Inanimae fosse fascinante, a atenção da Sidhe é atraída por aquele ser que possivelmente uma dia foi como ela e agora exalava uma aura de imortalidade, um conceito que sempre esteve no desejo da egocêntrica Baronesa Evony. 

*O que é ela? E como ela conseguiu se tornar imortal dessa forma? Seria a devoção desse povo?*


Se dirigindo então a sua mixórdia, a nobre fala: 


"- Consigam a Rabeca, não me importa como vocês o façam... Eu preciso conversar com ela."

E apenas com um olhar cúmplice a Zvenn a Baronesa se aproxima da mulher do manto azul e faz uma respeitosa reverência como manda a boa etiqueta e fala: 

"- Boa Noite Senhora, eu vim me apresentar. Sou a Baronesa Evony Ap Eiluned e gostaria muito de conhecê-la."


Seu sorriso era encantandor e olhava fascinada para a criatura. Evony tinha encontrado algo que desejeva e não pensava em mais nada a não ser obter o que queria.
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O Fogo da Fome Empty Re: O Fogo da Fome

Sex Out 04, 2019 9:11 am
A aparição revela o semblante divinal da criatura que antes se escondia sobre o manto azul celeste. Suas feições eram belas, remetiam ao próprio Sonhar. Mas, ao mesmo tempo, ela parecia ser bem mais do que isso, bem mais do que simplesmente um sonho. Sonhos poderiam ser deixados de sonhar, ela não. A moça do manto parecia ser imortal.

O Nocker acompanha as reverencias dadas a ela; sentia-se em meio a um sacrilégio se não o fizesse. Ele estende seu olhar sobre ela, escutando tudo o que era dito ali. No fim, casa aldeão se "arma" com um pouco da comida trazida, enquanto o resto era queimado por Riobaldo. O Fogo da Fome. De dentro dele, outra criatura surpreendente se materializa. Quase humano, mas da cor das próprias chamas. Seu corpo era lambido pelas labaredas tal qual os beijos atiçantes de uma amante ao despedir-se de seu affair.

Ele sai da chama. O ritual parecia terminado.

Riobaldo estende carta branca a Mixórdia e, quase que instantaneamente, Idris e a Baronesa se dispersam. O primeiro segue até o Fogo da Fome... havia sido um Exú de Fogo, ele próprio; era comum que sentisse atraído. A Baronesa vai até a Nossa Senhora; duas partes de um todo infinito. Ela deixa a missão para o restante do grupo e Íkkarus olha para Marga e Zvenn automaticamente. Logo em seguida, ele troca um olhar com Arianna.

'- Ficamos com o trabalho para nós então...'

Nobres e seus rompantes senhoris.

*É, né.... alguém tem que fazer o trabalho sujo enquanto a nova e a antiga nobreza decai em sua curiosidade...*

O Nocker, então, olha para o rabequeiro e seu instrumento, voltando-se mais uma vez ao restante da Mixórdia:

'- Alguém com uma ideia melhor do que tomar a Rabeca do velho e sair correndo?'

O senhor já era velho demais, com certeza não os alcançaria.
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O Fogo da Fome Empty Re: O Fogo da Fome

Seg Out 07, 2019 10:56 pm
Embaixo do pano azul celeste puxado por João Grilo, uma figura tão singela quanto impressionante.

*Ela é uma... uma nobre? Não... talvez tenha sido mas... ela parece mais... Parece...*

Imortal era a palavra que a Sátiro procurava. A senhora de olhar triste se compadecia dos que ali estavam açoitados pela miséria, enquanto o Pooka lhe roga uma súplica. Nem Riobaldo lhe negara um pedido, e cada pessoa pegou um pouco do que já quase nada havia a ser oferecido, mesmo com tanto sacrifício, àqueles sonhadores. E não apenas isso, Capitão Carniça do Mal, como o que aparentemente era o costume deles, largara a queimar o restante.

*O que raios eles estão fazendo?*

Sua pergunta logo se responde ao surgir de uma criatura em meio as chamas. Diadorin lhes dá palavras de esperança, fala para aprenderem com aquele ser que consumira as oferendas. Mas o que Riobaldo fala à Mixórdia é o que lhe deixa com uma angústia no coração. Se dessem demais eles iriam embora. Perderiam a fé e não haveria mais Glamour para os Kithains que viviam ali. Aquela relação entre o Povo Perdido e a Vila era a paixão morna de quem não sabia o que era verdadeiramente amar.

*Para quem sempre só teve a migalha, o tudo não passa de sonho. É viver na eternidade do querer o que acha não merecer.*

Ao serem liberados, Marga suspira. Seus olhos não conseguem esconder a tristeza, mas nada diz. Observa Idris ir em direção ao Fogo da Fome em busca de uma história e Lady Evony no rumo da Senhora em busca de conhecimento, deixando-os com uma incumbência. Ikkarus budeja algumas palavras, parecendo um tanto contrariado e pergunta sobre a melhor forma de proceder quanto à Rabeca.

"Acho que não há melhor forma do que ir lá conversar." - Diz ainda com a voz desanimada.

Começa a andar em direção ao velho homem com a Rabeca. Ao dar alguns passos volta o olhar para o restante da Mixórdia e fala:

"Vocês vem?"
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Qui Out 10, 2019 11:26 am
O Inanimae olha para Ídris com um olhar penetrante, seu corpo queimava intensamente e logo depois o calor e o brilho diminuem um pouco, ele então fala em uma voz grave:

" - Onde estão seus modos, rapaz? Já tenho pouco tempo com meus amados humanos e você ainda vem até medir exigir uma história? Pelo que eu conheço seu povo e seus olhos não escondem, você é que deveria me trazer histórias."


Na sequência, Ídris sente uma leve ombrada, era Arianna que chegava até o Fogo-da-Fome e olhava para ele com uma expressão maravilhada. Ela diz:

" - Desculpe pela insolência desse pequeno plebeu, nobre Salamandra. Ele não entende o respeito que se deve ter ao seu Povo nem a urgência que o Fogo tem. Tenho estudado incessantemente seus costumes e hábitos, tentando aprender o máximo que posso, por isso, lhe peço que nos conte quem é e porque esse local."


Finalmente o Inanimae responde:


" - Pois bem, pondo dessa forma, eu usarei um pouco do meu tempo. Sou o Fogo-da-Fome, vocês, crias das cidades atuais não me conhecem. Sou o fogo que queima no estômago desses pobres mortais quando a fome, a fome verdadeira chega. Há muito tempo eu vim de passagem por essa região, porém eu me apaixonei por esse povo, desde então eu fiz parada por aqui. Com o tempo, vou desaparecendo daqui e há alguns anos quase desapareci por completo. Mas o bando de Riobaldo entende a minha importância e o meu amor, por isso costuma me trazer de volta me alimentando."
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Qui Out 10, 2019 11:44 am
A mulher sorri para Evony de forma acolhedora. Ela permanecia sentada e fala de forma simples, sua voz era calma e falava de forma clara:

" - Olá Evony, venha, sente-se aqui ao meu lado e vamos conversar um pouco. Já pertenci à casa Liam há muito tempo atrás, mas já esqueci até o meu nome! Agora não tenho mais um nome, mas eles insistem em me chamar de Nossa Senhora, Maria, alguns me chamam de Oxum também... Enfim não importa como me chamam.. O que faz por essas terras?"

Ela tira um espelho amarelo do seu manto e olha um pouco para seu rosto com ele. Evony já tinha ouvido falar da casa Liam, uma casa conhecida perjura e sem a menor estima entre os nobres por proteger os mortais à qualquer custo.
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Qui Out 10, 2019 11:45 am
O homem com a Rabeca terminava de passar uma flanela nela e a guardava em uma case bastante simples, ele a colocava como se coloca uma pessoa na cama, com todo o cuidado e cobrindo a Rabeca com o pano.
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Sex Out 11, 2019 7:35 am
A Nobre Sidhe senta-se elegantemente ao lado da estranha mulher de manto azul. Ela afirma ter pertencido a insípida Casa Liam e não lembrar mais do seu nome, contudo os mortais a tratavam como se fosse Nossa Senhora ou até mesmo Oxum e aquilo intrigava a Baronesa. 

*Não ter um nome? Como isso seria possível?*

Com toda educação e gentileza, Evony responde a pergunta:

"- Vim em busca da Rabeca do Juazeiro. O Duque Keldrian de Gwydion enviou a mim e aos meus para reavê-la. Dela precisamos para ouvir a última canção, uma canção que tem relação com o Inverno que se aproxima... Como ficou claro hoje através das profecias, uma canção que fala sobre o fim do mundo. Riobaldo nos prometeu trazer até aqui se o ajudássemos e aqui estamos depois de ajudá-los."


Após uma breve pausa, a Nobre pergunta:

"- Se a senhora me permite  a pergunta... Como se tornou o que é hoje?"

O Sorriso de Evony era doce e gentil. Aquela mulher lhe trazia uma sensação estranha e ela sabia que este seria o melhor caminho.
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Sex Out 11, 2019 11:26 am
O olhar da mulher era penetrante e sereno, ela parecia conseguir olhar no fundo da alma de Evony (empatia 7), isso deixava a Sidhe desconfortável. Ela pergunta:

" - As previsões são sobre o fim do mundo ou sobre o fim do NOSSO mundo Baronesa Evony ap Eiluned? Esses humanos parecem estar sobrevivendo ao inverno deles e aqui temos, de um lado da balança nós e do outro eles. Qual vida é mais importante?"


A pergunta sobre qual vida era mais importante era retórica.


" - Sobre como me tornei o que sou hoje, eu recebi um chamado, creio que foi do Sonhar. Depois de tanto me doar aos outros e aos humanos, um anjo veio até mim e me chamou para servir ao Sonhar, eu não pude negar. É muito pesado o fardo, a imortalidade tem seu preço. Conheci outros como eu e todos tem um mesmo padrão, eles mergulharam tanto na sua essência, na história que eram, que o Sonhar os julgou importantes demais para morrerem."
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Sex Out 11, 2019 1:50 pm
Ikkarus ouve o chamado da Sátiro e vai logo atrás dela. Haviam sobrado apenas os dois e o Sluagh, que provavelmente se rastejaria até algum buraco frio.

Ao seu lado, observando todo o cuidado do homem, ele fala:

‘- Acho melhor tu fazer as honras aí... eu não sou muito bom com as palavras.’

Ele falava pesarosamente. A ideia trancava os lábios do Nocker como se ele tivesse acabado de chupar um caju.
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Dom Out 13, 2019 8:04 pm
Evony absorve profundamente as palavras daquela estranha imortal. Ele questiona a a Sidhe com uma pergunta simples: "Qual vida é mais importante?" e a Baronesa pensa:

*Claro que a MINHA vida é mais importante do que a de todos esses mortais.... Mas não é isso que ela quer escutar...*

A Baronesa também a escuta falando sobre um chamado do Sonhar, um sonho que merece a imortalidade e isso marca profundamente a vaidosa Sidhe. 

*Ser imortal! Preservar a minha beleza e o meu poder para sempre! Eu preciso saber mais sobre isso! Mas primeiro eu preciso me cumprir a minha missão.*

"- Mesmo que você não considere as nossas vidas tão importantes quanto a dos mortais, eu devo dizer que elas também são importantes e que o nosso povo não pode e não vai simplesmente desistir de tudo e desaparecer. Nós somos especiais, nós somos sonhos únicos que dão vida e cor a esse mundo. A vida dos mortais é muito melhor com a nossa presença, a banalidade destrói tudo que existe de bom dentro deles e só nós desaparecermos para sempre, eles também sofrerão muito com a nossa falta... A senhora não acha?"
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Seg Out 14, 2019 11:36 am
Ela sorri um sorriso piedoso para Evony. Ela mostra o local onde estavam com a mão. Evony via pessoas comendo a única comida que podiam pegar antes de todo o resto ser queimado.

" - O quanto eles sofrem com a nossa presença? O sofrimento é inerente ao ser humano e como fomos feitos à imagem e semelhança deles também sofremos. Mas eu entendo a sua forma de pensar, você tem a sua razão e de forma alguma tenho a intenção de mudar sua forma de pensar. Sua vida e suas escolhas a levaram até quem você é hoje assim como as minhas, me levaram a isso."


Ela finaliza com uma frase jogada de forma displicente:


" - Por mais que a gente queira acreditar no contrário... Nós não somos os deuses deles.. Eles que são os nossos.."
Zvenn Lehmann
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O Fogo da Fome Empty Zvenn Lehmann - Ikkarus | Margarita

Ter Out 15, 2019 10:22 pm
E por debaixo do pano havia uma mulher de olhos tristes. E olhos tristes tinham sua beleza. Zvenn, tão pouco aficcionado na beleza da alegria, sabia enxergar o que havia de belo em um olhar triste e perdia-se alguns segundos presos na lamúria daquele olhar. Olhar que trazia serenidade, e como Zvenn precisava daquilo para conseguir colocar sua mente perturbada no lugar.

*Obrigado.* - agradece mentalmente ao Sonhar e ao que quer que fizesse ele ter aquele momento.

E cena se transforma em algo que o Sluagh jamais imaginava presenciar. A oferenda, a Santa, o Fogo da Fome. O Sluagh perde um tempo olhando para o Fogo da Fome, absorvendo o que ali acontecia. As explicações fazem sentido, era o certo e não haveria julgamento moral de Zvenn. Isso, aliás, nunca acontecia. Ou quase nunca.

Baronesa manda que busquem a Rabeca, que era repousada por um velho ao longe. O Nocker tinha uma ideia prática, a Sátiro um caminho mais chato. O Sluagh apenas sussurra:

'- Deixemos a Sátiro ir pelo jeito dela. Se ela falhar, tentamos do seu jeito. Se o seu jeito falar, eu tento o meu...'



Se esgueira pelos cantos tentando buscar algum local mais discreto de onde pudesse observar o velho e a Rabeca. Pensava em como se aproximar e roubar o objeto em algum momento de distração caso os planos da Sátiro não dessem certo. No entanto, tentava encontrar algo que lhe chamasse atenção no velho. Quem portava algo que gerara a jornada que fizeram para buscar devia ter algo de especial e o Sluagh iria dar seu jeito de descobrir antes de agir.
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