O Reino dos Castelos Esquecidos

O Nocker do bando então tira o óculos e olha um pouco irritado para a Mixórdia, complementando.

" - Arre égua capitão, que eu acho que esse oreia seca ta mangando da gente sim falando desse modo estranho."

O capitão reflete um pouco, ele bate com sua outra faca em seu olho todo branco, a faca fazia um barulho de vidro batendo. Ele então tira uma frutinha verde do bolso, joga no chão perto da Mixórdia e conclui:

" - Pois que seja. Vai se suceder assim: Pega essa fruta de Umbu aí e coloca na cabeça daquele branquelo. - Ele fala apontando pra Ikkarus - " - Você dá dez passos e acerta a fruta com a faca."

Ele abre um sorriso maldoso para seu próprio bando e continua apontando para o Sluagh que estava com ele:

" - Medeiro Vaz aqui, o melhor atirador do cangaço vai fazer o mesmo com Faísca. A gente repete até alguém errar. Quem errar perde. Se os dois errar, cada um toma seu rumo com seus defuntos. Se eu ganhá, levo um de vocês - Ele olha pra Zvenn - e você me conta onde fica essa tal terra com rio de pinga. Se eu perder, te levo até Riobaldo e ela te conta a história dela.O desafio tá lançado e num vô arredar o pé de nem mais um pentelho "  

Faísca não parecia ter gostado do desafio, engole a seco e fala:

" - Mas logo eu capitão? "  

O Capitão responde:

" - Deixe de ser frouxo omi. Se Medeiro Vaz errar, talvez você ganhe até um olho bunito igual o meu, se não virar defunto primeiro."   - Ele voltou para o Eshu e conclui: " - Então, desafio tá aceito?"

O Nocker ia ser um dos alvos e isso parecia tornar tudo mais divertido, até que o homem do olho de vidro olha para Zvenn quando insinua sobre levar um membro da Mixórdia. Sem aparentar preocupação, apenas busca a Baronesa com o olhar, imaginando que não seria bom nem pra ele, e nem para ela, que aquilo se concretizasse. Já havia visto o Exú lutando, e também errando. Em seu íntimo, acreditava na capacidade do mesmo, mas não encontrava-se em uma situação confortável. Não que isso o assustasse.

*Mudar é bom...* - pensava o Sluagh sem se preocupar com detalhes como, talvez, sua visão.

Com seus sentidos naturalmente aguçados, começa a buscar com os olhos algo que lhe chamasse atenção. Em sua mente, uma ideia ousada começava a surgir, embora não soubesse se ela teria como ser colocada em prática. E muito menos se era de bom tom tentar usá-la...

O Eshu lembrava-se, quando fora Idris, de papéis e estudos que fizera sobre o nordeste, e, naquele momento decide assumir um personagem..

Olhando pra Faísca, que havia o chamado de algum tipo de xingamento ele começa..

"-É melhor o Capitão controlar o amalucado aqui, porque eu sou é caba home, e, sou preto, e  preto é bixo ruim.."

Ele olha em desafio para o Sluagh, que, de preto se vestia e completa..

"-Preciso me fantasiar de preto pra ser preto não.. Desafio tá aceito, e, se quiser pindurar até teu pentelho em cima da cabeça do "isqueiro" acolá eu corto é no mei!"

*A história dos Kithians perdidos..* - Pensava em John e Pensava na mulher de branco.. - *Quem sabe eu consigo mais que uma história..*

O Exu atropela a negociação e já se oferece, mas mudando um pouco o desafio proposto. Arremesso de facas. Menos mortal e algo que o mesmo já havia demonstrado ter muita habilidade. Carniça-do-Mal, entretanto, queria ver sangue. O arremesso seria numa feira de umbu sob a cabeça de alguém. Quem errasse primeiro perdia... não só a aposta, mas o companheiro também... talvez o olho, quem sabe.

E adivinhem que o filho da puta do Redcap sugeriu para pseudo-alvo de fruta?

‘- E-E-EE-EU?’

As palavras sumiam dentro da garganta do Estouvado.

Exato, o pobre Ikkarus, calado na sua, teria que servir de alvo para aquele projeto de Exu-do-Agreste! Já não bastasse a periculosidade da situação, ele ainda era obrigado a escutar Idris forçar um sotaque medonho... e todo mundo sabe que uma mula do sertão morre de sede toda vez que um sudestino tenta imitar o sotaque nordestino. Era triste... e era nas mãos daquela criatura que sua vida estava entregue! 

*Ao menos meu falastrão preferido sabe jogar facas melhor do que sabe imitar sotaque regional...*

‘- Vamos logo com isso, então!’

Ikkarus pega a fruta de umbu no chão, e vai até o Exu, olhando fixamente nos olhos dele:

‘- Pelo amor de sua própria vida, não me acerte, Idris! Ou eu juro que largo a minha mortalha e volto para lhe aporrinhar pela eternidade!’

Ele, assim, começa a dar os passos na direção contrária ao Exu.

Um. Dois.

*Eu só espero que ele não tenha um azar da porra, pelas forças do Sonhar!*

Três. Quatro. Cinco.

*Morrer nesse fim de mundo seria uma merda muito grande, cacete! Ainda mais com a porra de um punha cravado no meio da testa!*

Seis. Sete.

*Talvez, um olho mecânico não fosse uma idei... Não, não, eu preciso confiar nas habilidades desse maluco! Ou isso ou eu tou fodido!*

Oito. Nove. Dez.

*É agora ou nunca!*

Já distante, o Nocker posiciona a fruta sob sua cabeça quente... seria o calor daquela terra miserável  e raquítica ou seria suas ideias a mil diante do possível fim que se avizinhava? Ele não sabia. Nem queria saber, pra falar a verdade. De longe, Ikkarus encarava Idris nos olhos. Tentava-lhe passar confiança... era a única coisa que poderia fazer no momento para salvar a própria pele.

Idris era de uma alegria quase contagiante desde que voltara do sonhar, essa, era a impressão do espectador mais desavisado, do menos experiente, ou, daqueles que realmente sabem o que é liberdade, as crianças..

O Que por muitos era tido como alegria, era na verdade uma selvageria primal daquilo que nasce sem entender o conceito ou os porquês da limitação das dúvidas..

Com essa mesma energia, ele apenas sorri para Ikkarus e diz..

"-Você terá uma história para contar mestre Ikkarus, onde quer que venha a terminar quando isso acabar.."

Posicionando-se numa distância de arremesso do Nocker, o Eshu olha de maneira divertida ao Sluagh, lembrando-se da..

*Pior criança do mundo..*

... E, jogando sua lamina para cima com a mão esquerda, deixa que a mesma retorne para seu braço em forma de tatuagem e arremessa sua lâmina com o braço direito, chegando a arrancar alguns fios de cabelo de Ikkarus, mas, acertando seu alvo..

"-OLHE!!! JÁ ESTÁ MAIS BONITO DO QUE QUANDO COMEÇAMOS!!! HAHAHA!"

*QUE VIDA MARAVILHOSA ESTA DOS JOVENS..*

OFF: Idris obteve um sucesso + um sucesso da FDV! Total 2 sucessos

O Desafio estava lançado e Evony se posiciona estrategicamente de modo que o Sluagh adversário a consiga ver e ao lado de Zvenn e do Porco. O Exu parecia ser bom arremessando facas, mas a Baronesa jamais deixaria qualquer chance correr solta apenas nas mãos de um plebeu. 

A Belíssima Sidhe lança um longo olhar para o Sluagh adversário de maneira a capturar sua atenção. Seus penetrantes olhos verdes correm pelos olhos do Sluagh lhe dando uma atenção que ele jamais recebera, não de uma mulher como a aquela. 

Evony demonstra em sua expressão um desconforto com o forte calor nordestino e murmura com Arianna: 

"- Como você consegue suportar esse calor infernal? Adoraria um pouco de água fresca nesse minuto..."

Enquanto fala a Baronesa remexe suas madeixas ao vento como se o movimento pudesse ser capaz de trazer algum frescor. Com as mãos as afasta pequenas gotículas de suor de seu busto e por um momento de distração ela persegue com os dedos levemente uma gotícula de suor que escorre entre em seus fartos e maravilhosos seios levando a quem estivesse olhando, em especial ao sluagh para uma momento de imaginação ímpar em suas existências. 

A Sidhe continua a tentar de alguma forma amenizar aquele calor infernal praticamente como se não prestasse atenção no que acontecia. Porém seus movimentos eram completamente calculados, Evony era uma grande sedutora e sabia exatamente o que fazer para distrair o oponente do Exu. A Manipuladora Baronesa apenas sai do seu estupor para bater palmas quando Idris acerta o alvo e abraça Ariana em comemoração. Volta e meia seus olhos ainda se encontram com os do Sluagh, olhos verdes que queimam como o calor daquele lugar...

OFF GAME: A Baronesa teve 6 sucessos no teste de sedução.

O Sluagh sai de sua moto e Faísca, um pouco receoso também. Medeiro Vaz tira sua faca e começa despretensiosamente a tirar pequenas cracas dos dentes com ela, seus dentes eram completamente podres. Quando Ídris então atira sua faca e acerta a pequena fruta, o Sluagh estreita os olhos de forma séria, sua fisionomia fica mais rígida.

Ele então coloca a fruta na cabeça de Faísca e sem falar uma palavra, começa a andar de costas se afastando os dez passo. Porém quando ele para, sua fisionomia muda mais uma vez, ela parecia sofrer, parecia um pouco confuso. Ele tira o chapéu e sua testa suava. Então limpa o suor da testa com o braço, olha para Capitão Carniça do Mal. Ele respira fundo algumas vezes, sacode a cabeça. Parecia reunir toda a sua força de vontade e então atira sua faca.

A faca voa em dispara acertando o Umbu por pouco. Faísca então grita:

" - DIABO DO MEU ÓDIO! TU TA DOIDO? QUER ME MATAR DISGRACENTO?"

Medeiro Vaz ignora os xingamentos, pega uma outra faca e fica apenas encarando Evony.

OFF: Medeiro Vaz teve dois sucessos para acertar o Umbu.

O Acerto apenas faz com que as chamas coloridas gélidas e quentes que duelavam para descobrir qual era a força motriz do Eshu elevem-se ainda mais.

Idris não pensava, ele na verdade, não agia, ele assistia a um filme..

Ele arremessava sua lâmina, dessa vez, sem precisar empregar sua vontade, ora, porque deveria, ele sabia onde precisava por sua lâmina, e, com outro arremesso, torna o recém corte de cabeço do Nocker, simétrico..

“-Há... Consertei mestre Ikkarus, agora seu corte novamente está simétrico..”

OFF: Idris teve mais um sucesso para acertar o Umbu, sem gastar FDV

O Sluagh estava ainda mais desconcertado com a Baronesa. Tentava de todas as formas manter sua concentração. Faísca fala:

" - Macho, que que tá acontecendo com você? Mas tu num tá bem não."

O Sluagh apenas leva o dedo a boca fazendo um sinal para que o Nocker ficasse quieto. Ele então arremessa a faca que estava em sua mão. A faca passa ao lado da orelha de Faísca, chegando a arrancar uma lasca dela. O Nocker mais uma vez grita:

" - AI DENTU FILHO DUMA RAPARIGA! QUE TU QUASE ME DEIXA SEM OREIA!"

Medeiro Vaz então ajeita seu chapéu, pega suas facas e vai em direção à Evony, no meio do caminho ele espeta um dos Umbus que estava no chão com a faca. Chega até a Baronesa e oferece com um sorriso de dentes podres a fruta já partida para ela. Ele fala com uma voz bastante rouca, ainda era um sussurro, mas era um sussurro mais rouco, mais sofrido:

" - Uma fruta sagrada pra nova flor do cangaço."

O Sluagh, por sua vez, erra..

*NÃO...Não era para ser assim...*

Idris continua a olhar desconcertado para a cena do alvo ainda em cima da cabeça de Faísca.

Ele via, em seus olhos de constelação, um terceiro arremesso, de precisão perfeita, seguido por mais um acerto de seu inimgo que se vestia com a cor da pele do Wylder, mas, o quarto e ultimo, era o derradeiro, Idris havia vencido contra um oponente na plenitude de suas habilidades..

*MALDI..*

.. Por um segundo ele pensa sobre a honra que havia tido em outra vida, mas, percebe que nada importava, todos os caminhos eram certos, e, voltando a esta realidade, ele apenas diz..

Virando-se para o Sluagh cangaceiro, ele fala
- Uma pena que você não seja preto meu amigo, vestir-se como um nunca vai ser o Suficiente.. – E, por fim, a bela Kithian - .. E a senhora, que envergonha a mais bela flor do sertão, me deve uma história..”


OFF: o Sluagh errou dado ter sido atrapalhado pela Baronesa, o resto da viagem é só loucura do Personagem.

*Que merda que ele tá falando, quer dizer que se eu me vestir de verde eu quero ser uma árvore?* - penas o Sluagh após as palavras de Ídris para o outro Sluagh. Zvenn chega a olhar seus próprios trajes, incomodado com a lógica do Colosso de Ébano. Balançando a cabeça de forma negativa ao conferir seus trajes chega à óbvia conclusão que todos ali deveriam ter:

*Sou o único normal nessa Mixórdia.*

O medo de Ikkarus era divertido. Zvenn gostava de ver o medo nas pessoas e o medo que Ikkarus sentia era delicioso. Quase chega a torcer para que ele fosse acertado para poder conhecer suas genuínas expressões de dor e pavor, mas fica no quase. Apesar do fato de que mudar é bom, ainda tinha planos e um juramento naquela Mixórdia e sabia que o seu também estava na reta.

Baronesa começa seu show e, como não havia nada mais frágil que a masculinidade, Zvenn já imaginava como aquilo terminaria.

*Sem truques, não há necessidade.*

E era melhor assim. Era melhor se poupar do que se meter em encrencas à toa.

O truque da Baronesa dá certo e o Exú faz sua parte, aparentemente vencendo a disputa. Nova tagalerice sobre ser preto e Zvenn revira os olhos pensando.

*Pelo Sonhar, o ego dele é mais frágil que a própria masculinidade*.

Sua artimanha dá certo é Evony sorri satisfeita.  O Sluagh lhe oferece uma fruta do chão e a chama de flor do cangaço. A Sidhe esconde seu nojo atrás de uma máscara de cordialidade e sorri ao receber o presente.

“- Muito obrigada Sr. Vaz. Então quer dizer que essa fruta é sagrada nessas terras?” 

A sidhe pergunta com curiosidade enquanto recebe o presente de forma respeitosa.

Ikkarus gostaria de manter os olhos bem abertos, mas não tinha tanta coragem em seu peito para isso. Ele sente a primeira faca resvalar em seus cabelos, fazendo uma gota de suor descer sobre sua testa. Os olhos do Nocker se fecham involuntariamente e ele mal conseguia prestar atenção no que acontecia a sua volta. Ele não compreendia a papagaiada teatral do Exu, tampouco notava as artimanhas sedutoras da Sidhe. Nada aquilo parecia existir para ele. A segunda faca passa sem ele esperar, fazendo-o enrijecer mais ainda na sua posição.

Ele já esperava a terceira. Sempre ouviu falar que as terceiras eram providenciais... entretanto, ela nunca ocorreria. O Sluagh havia errado, quase acertando o seu companheiro. Como Ikkarus sabia disso mesmo estando de olhos fechados? Era quase impossível não entender o que acontecia diante da gritaria do outro Nocker. O Estouvado abre os olhos, olha para os lados e respira aliviado. Estava vivo.

Ele observa o Sluagh do sertão oferecer a fruta para a baronesa. Ikkarus não entende muito, mas estava aliviado demais para questionar qualquer coisa. Ele lança um olhar cúmplice para Idris, como se agradecesse-o. Era justo, o Exu havia feito um ótimo trabalho.

O Sluagh observava a oferenda feita à Baronesa com curiosidade. Suas expressões eram extremamente diplomática e isso dizia muito sobre os cuidados a se tomar com a Baronesa e como que ele havia acertado em suas apostas.

*A roda gira, Zvenn, e você parece ter feito a aposta certa.* - pensava o plebeu que ainda se considerava o mais normal daquele grupo exótico que compunha.

Capitão Carniça-do-Mal cospe no chão e fala para o Sluagh:

" - Oxe, tu ficando velho e tá ficando cego heim. Na próxima eu troco: Faísca atira e você fica com o Umbu na cabeça. Mas pacto é pacto e vamos levar vocês pra ter com Riobaldo sim. Vocês subam na garupa da nossa moto. A alma penada ali vai comigo" - ele aponta para Zvenn - ", to sentindo que ele vai dar um bom combustível pra minha moto. O Faísca de vocês vai com o nosso pra ficarem choramingando e falar coisa que a gente num entende nada. A bonitona aí vai com Medeiro Vaz já que ele se afeiçoou de sua pessoa. O atirador vai com ela pra que ela pague a dívida e conte sua história no caminho. A mulé-homem vai com um dos nossos.

Resumindo:
Zvenn vai com Capitão Carniça do Mal
Íkkarus vai com Faísca
Evony vai com Medeiro Vaz
Ídris vai com a mulher que parecia um fantasma
Arianna com um dos mortais que tavam junto.

Arianna não parecia irritada, mas sim muito cansada de ser chamada de mulé-homem. Ela tinha mudado depois da saída do Sonhar, parecia um pouco menos tempestuosa que antes, apenas respira fundo e vai com um dos humanos.

O cangaçeiros aceita as condições e diz que sob levará até Riobaldo, o que era bom. Ele se aproxima do Nocker do bando e, antes de subir na garupa, comenta:

‘- Bom trabalho com as motos...’

Ele observa as outras duplas, principalmente a mulher pálida. Ela destoava completamente do bando, o que fazia Ikkarus pensar, agora que o iminente conflito parecia uma ilusão, que talvez ela tivesse algo interessante para contar. Sorte que ela teria a companhia de Idris.

Outra dupla que lhe interessa é a da baronesa. Era muito engraçado ver a nobreza em meio a tantos plebeus, ainda mais quando ela é obrigada a se abraçar a um deles.

*Que o idiota não tenha um enfarte quando ela o encostar*

Após o devido cumprimento do "ComPactco" por parte de Capitão-Carniça-do-Mal, ele começa a designar quem seria levado por quem. O sorriso já começava a se formar com a ideia de descobrir quem era aquela Kithian.. Mas....

*Como eu odeio os Recaps..*

Idris observava, com os olhos de uma estrela morrendo, o Caminhar cansado daquela que um dia já fora uma supernova..

O Calor da memória daquela "Mulher-Homem" queimando como um pequeno sol enfurece o Eshu, que, vê um leque de possibilidades ser tolhido pela mera imbecilidade de um povo que não sabia o que era se aventurar pelas veredas de sí..

*Ela é um duplo infinito..*

Parando seu caminhar, e, sem nenhum traço de humor, ou, sequer de ira.. ele diz..

"-Capitão, caso chame Lady Arianna de qualquer coisa que não Lady Arianna, você morrerá antes que o sol venha a descansar no horizonte.." - O Tom era quase oracular.

Sem esperar reação do mesmo, ele vira-se para Arianna e diz..

"-Milady, por favor, tome meu lugar, teu lugar é entre o mais belo dos povos.."

Novamente, sem esperar resposta, ele se dirige as motos conduzidas pelos mortais..

Idris caminhava sabendo que poderiam ser seus últimos passos, mas, naquele momento, apenas o sorriso que sorria dentro de si importava..

O Sluagh se preparava para ir com aquele que parecia querer muito sua companhia, apesar das palavras não serem nada admiráveis. Andava com seu jeito desengonçado em direção ao mesmo quando o Exú resolve bancar o machão.

*Amor de pica, quando bate, fica. Bem que os humanos dizem...* - pensa o Sluagh sem crer que uma nova disputa poderia ser iniciada. O olhar do Changeling se dirige à Baronesa. Não iria falar nada, Zvenn não era de falar muito. Seus olhos falavam mais que seus lábios e seu olhar, nesse momento, refletiam o mesmo vazio que ele acreditava existir no cérebro do Colosso de Ébano.

Zvenn não gostara do comentário por sua gênese, mas na situação, não achava que uma quebra de braço iria ser produtiva para qualquer lado e, no fundo, pouco se importava com aquela com quem quase não interagiu e com quase todos ali, à exceção da Baronesa. Sem saber o rumo que as coisas tomariam, apenas se preocupa em manter-se como quem segue seu rumo, mas sem ficar jamais entre o Capitão Carniça do Mal e o Colosso de Ébano.

Ignorada em sua pergunta a Baronesa se sente furiosa, mas não diz nada. Apenas se em sua viagem de moto com o Sluagh sentindo nojo daquela criatura asquerosa. Quando Exu ameaça o Red Cap a unseelie fica séria e presta bastante atenção. Ela gostava de ver o plebeu defendendo uma Sidhe, mesmo que fosse Arianna e apenas troca um olhar cúmplice com Zvenn. Não sabia o que poderia acontecer. 

A Baronesa também faz sinal e acena com uma trufa para que seu Javali a siga.

O Capitão olha curioso para Ídris, ele dá um sorriso desdenhoso, cospe no chão e sai da sua moto. Ele era mais baixo que Ídris, vai em sua direção, olha nos olhos do Eshu e fala com um sotaque menos carregado:

" - Você vem até nossas terras, abusa da nossa hospitalidade, vem querer fazer profecias de quinta e ainda por cima quer tirar minhas ordens sobre quem vai nos transportes do bando sob MINHA liderança? Tu comeu merda? Vocês do Sul não tem jeito mesmo..."

" - Se eu não tivesse dado minha palavra que vocês iam ter com Riobaldo, eu furava teu bucho aqui mesmo pra que tuas tripas servissem de comida pra Besta-Fera."

Ele se vira para Arianna:

" - Minha Lady, nunca foi minha intenção ofendê-la. Vossa Senhoria não é a única assim e achei que tu era menos sensível, achei que tu já tinha aceitado tua condição. Quando chegarmos vou te levar pra ter um dedo de prosa com Diadorim. Ele deve te ajudar. "

Ele volta para todos e diz:

" - Minhas ordens se mantem e quem não quiser vir que fique pra encontrar o fogo da fome!"

Ele volta a subir na moto e dá partida nela fazendo um grande barulho e saindo fogo pelo cano de descarga. Ele olha para Zvenn esperando que ele suba na garupa.

OFF: Capitão resistiu a intimidação e tentou intimidar Ídris que também resistiu.

O Sluagh ia responder quando é interrompido pelas profecias de Ídris e ele fica em silêncio observando o comportamento do Capitão. Quando o capitão termina de falar, ele faz um gesto para que ela fosse em direção à sua moto e sussurra:

" - No caminho lhe conto sobre a árvore sagrada do Umbu, vamos nos entreter."

Ao ser confrontado com o capitão, uma das próprias facetas do medo, o Eshu se torna estranhamente perceptível de uma parte de si.

Se você já observou um formigueiro de perto, realmente de bem perto, quando era uma criança e ficou a perceber os mínimos detalhes das formigas arrumando os graõs de terra para manter a forma da entrada do formigueiro, como a fila que entrava e saia incessantemente daquele complexo se organizava, e, como seria se você simplesmente fizesse força o suficiente para compactar a terra dali, como tudo aquilo que vivia ali dentro sairia, vocês entenderiam quão Idris se tornou ciente de uma parte de si.

Confrontado com um o medo primitivo do Redcap Capitão, Idris trava o cu de maneira tão homérica que esquece-se do que havia a sua frente, concentrando-se na preocupação de que as duas bandas de sua bunda se unissem e, sua morte, fosse uma explosão de merda.

Apenas esse pequeno escape faz com que o mesmo mantenha a compostura e o semblante sério frente e frente com Carniça-do-Mal..

*Pelo menos sou mais alto..*

.. O Que o Redcap faz a seguir levaria um sorriso aos olhos do Eshu, mas, ele não se atreveria a sorrir ali, não mais, já havia ido longe demais, em especial, por alguem que aparentemente não se importava, novamente, com os sacrifícios que eram feitos por ela..

*Uma história triste... *

Estranhamente o pensamento não lhe traz nenhuma tristeza, pelo contrário, ele lembra que, mesmo tendo sido fiel a si mesmo, ele ainda escutaria a história da bela pálida Kithian, se apressando para sentar na garupa da mesma..

"-Milady.." - Faz um aceno com a cabeça.. - "-Acredito que seu nome não é Diadorim.."

*Uma vez foi o suficiente..*

OFF: Por um fiapo de cabelo, Idris resistiu a intimidação.

Faísca responde à Íkkarus ajeitando seus óculos:

" - Máquina é porreta memo. Ela usa a sequidão pra andar. Tem um ou outro problema ainda que to tentando acertar, mas diacho de boa é a do Capitão. Movida à Ódio.. Mas se ela sentir uma pitadinha de amor sequer, ela sai destrambelhada por aí, ganha o mundo pelo sertão por uns dias e só volta quando fareja ódio de novo... Eu até gosto da personalidade dela.. Mas com o Capitão, aquilo não corre, aquilo voa baixo."

Arianna por sua vez apenas aceita.. Ainda estava muito cansada e sobe na garupa.

A Mulher toda de branco, apenas acena negativamente com a cabeça e também liga sua moto.

Todos pareciam prontos para partir.

A Baronesa sorri sedutoramente para a oferta do Sluagh. Enquanto sentava em sua garupa ela sussurra em seu ouvido: 

“- Aguardo ansiosamente por esss história. Por favor não vá rápido demais... Eu não quero deixar o meu Javali para trás.”

Vencendo seu asco, a Baronesa envolve suas mãos delicadamente no torso do Sluagh. Era sempre bom ter amigos lugares novos.

Estavam todos prontos para partir e Margarita sabia que sua magia não duraria muito mais tempo. Uma das Sidhe foi chamada pelo Eshu de Lady Arianna, então a outra deve ser...

*Na vida, assim como no amor, se não arriscamos nada acontece.*

A Mixórdia começa a subir nas motos um a um até que sobra uma que o Capitão não havia designado para subir em nenhuma moto. Uma Sátiro de pele negra cor de canela e olhos de um azul acinzentado muito cristalino. Nos seus 1,65m, uma longa cabeleira, negra como uma noite sem estrelas, que ondulava com o mormaço que subia daquele chão castigado. Usava um top de um tecido branco e fresco lembrando uma renda, e a blusa que normalmente a cobria estava amarrada na cintura para tentar amenizar o calor.

"E eu, Capitão Carniça do Mal? Em qual moto irei? Tenho certeza que a Baronesa Evony não gostaria de deixar nenhum de sua Mixórdia para traz."

Com a moeda cunhada pelo juramento para com o Duque entre os dedos de forma que esta fosse vista quando ganhasse a atenção de Lady Evony, faz uma reverência suave em direção à Sidhe. E com um sorriso doce e apimentado completa.

"Não é mesmo, Baronesa?"

*Se a inteligência se equiparar a beleza, talvez eu tenha agora a minha chance.*