O Baile de Máscaras

O Nocker vê a ação do Boogan Unseelie, encarando de longe o sátiro aprisionado enquanto Alana jogava-se sobre a Redcap medonha que partia em direção a Mixórdia. Enquanto isso, a criatura mascarada avançava sobre eles... e fazia os pelos dos pescoço do Nocker se arrepiarem completamente.

Ele estava pronto pra seguir o único plano que tinha:correr. Entretanto, Idris parecia ter alguma ideia mirabolante que o coloca diante da medonha criatura armada com uma pecheira depois de um rápido discurso emocionante. Ele não entendia o que o Eshu queria, mas morto ele teria muito menos serventia para todos eles.

'- Acho que é hora de partimos. Espero que Idris realmente saiba o que faz...' - ele esperava os outros para iniciar o percurso até ao salão nobre de onde partiram. Eles tinham uma missão a cumprir.

*Merda, Merda, Merda* - pensa o Sluagh, esquivando por pouco e vendo o Caos tomar forma diante dos seus olhos. O confronto tinha início e sua mixórdia tinha o dever de evacuar. Ainda mentalizando se tinha feito a escolha certa e com mais dúvidas que certezas pela mente, o Sluagh segue com seu andar desengonçado na direção indicada. Todos corriam e, na medida do possível, o que o Sluagh fazia era correr.

Ouve algo sobre coragem vencer medo e pensa que aquilo tudo era uma grande baboseira, mas vindo de um Eshú, não era algo diferente do esperado. Nota que a Baronesa fazia a pergunta que lhe via à mente. Ainda mantinha-se calado e tentava ser o mais furtivo possível. Estava sempre perto dos seus, mas não necessariamente à vista. Buscava correr e se mover por sombras e frestas, mas sem se distanciar a ponto de não poder se comunicar com seu grupo.

O Duque parecia irado e atacava com sua espada em direção à Imperatriz, porém era bloqueado pela outra Redcap (A mascarada, Desdemona, está com vocês).

O Sátiro da Imperatriz lutava com os outros Sátiros, enquanto o Lobo de Gelo ainda dava trabalha aos Trolls. O Conde Rodiart e Condessa Liliane não estavam presentes desde a orgia dos Sátiros.

Don Ignazio para no meio das escadarias para confirmar se estavam se aproximando. Da mixórdia, Evony, Ikkarus, Svenn e Ariana corriam em direção à Don ignázio, enquanto Ídris fica e se equilibra em um dos gelos criados pela Imperatriz, ficando perigosamente perto de Desdemona e exposto a qualquer ataque vindo dela, seja pela peixeira em sua mão, seja pelas espadas escondidas em sua roupa.

O Kithain mascarado também se aproximava rapidamente de Alana e com sua aproximação a sensação de opressão aumentava. Alana olha para o mascarado, depois olha para Desdemona que estava no lado oposto a uma certa distância, por fim olha para Ídris e toma uma decisão. Ela arremessa sua cimitarra na direção de Desdemona, a Redcap rapidamente bloqueia, não sem antes a cimitarra partir sua máscara, revelando o rosto de uma mulher de uns 40 anos extremamente bela (aparência 5). Ela conseguiu bloquear, porém não conseguiria atacar Ídria agora que teria mais um tempo.

Do outro lado o Kithain mascarado se move rapidamente e se coloca atrás de Alana que também havia ficado exposta ao salvar Ídris. Os olhos de Alana se arregalam por um momento, em uma grande expressão de surpresa. Um fio de sangue corre pelo canto de sua boca e a sensação de que havia algo errado se explica. É possível notar, atravessada na barriga da Sátiro, a ponta de um punhal grande que instintivamente vocês sabem se tratar de ferro-frio. 

Ele retira o punhal e o corpo de Alana vai ao chão, não havia mais uma Sátiro ali, apenas o corpo de uma mulher de uns 21 anos, com uma calça jeans surrado e um top preto. Nenhum traço do antigo espírito e dos sonhos de prazer, aquela história estava morta. Para sempre. 

Era uma insanidade um Kithain utilizar Ferro-Frio em outro, não apenas pelo mal que faz a quem morre, mas também ao mal que faz à quem mata. Quem o faz, precisa lidar com a quantidade de banalidade que o atinge ao matar para sempre um sonho. Era necessária muita coragem ou muito desespero para fazê-lo.

A expressão de desgosto surge no rosto de Don Ignazio que grita para todos:

" - FERRO FRIO! PÉS-ESCUROS, VAMOS!"


OFF:
    Alana atacou Desdemona: 3 sucessos, Desdemona bloqueou com 3.
    Kithain mascarado atacou Alana com Ferro Frio pelas costas: 8 de Dano, a matou.
    O Cantrip de Ídris faz com que Zvenn, Ikkarus e o próprio Ídris tenham 4 ações no próximo turno.
    Todos devem rolar banalidade comigo.

A Baronesa seguia Don Ignazio esperando pela retirada estratégica de sua mixórdia. As batalhas começam e Idris pula para o combate tentando ganhar tempo para seus companheiros. A Sátiro Alana destrói a máscara que Desdemona que apara o golpe mas deixa exposto seu belo rosto. No momento que isso acontece o outro mascarado, aquele que traz consigo o mau sentimento, apunhala a Sátiro pelas costas com ferro frio destruindo para sempre o sonho que ela foi um dia e deixando apenas uma carcaça humana sem vida para trás.

Evony sente profundamente o impacto da banalidade por presenciar a destruição de um sonho. Um grito pavoroso escapa de sua garganta enquanto uma lágrima escorre de seu rosto e ela sente e enxerga o mundo de uma maneira mais cinza, menos mágica, mais real e mais triste. 

Aterrorizada ela se agarra ao braço de Don Ignazio e grita para sua mixórdia: 

"- VAMOS AGORA. TEMOS UMA MISSÃO PARA CUMPRIR!"

O medo da morte toma conta da Sidhe e continua correndo em silêncio enquanto algumas lágrimas escapam do seu rosto. 

OFF Game: A Baronesa ganhou 1 de banalidade permanente.

O peso da opressão emanada pela energia daquele Kithain desconhecido parecia pesar sob os pés cansados do Nocker, mas não tanto quanto a cena que o mesmo protagoniza. Alana, numa decisão de bravura, ataca Desdemona para proteger Idris. Nisso, a corajosa Sátiro vira alvo fácil do Mascarado. Íkkarus encara a jovem com pesar, encarando seu olhar de surpresa quando a ponta de punhal brota no meio de sua barriga. O Nocker dá um ganido de dor, como se pudesse sentir a mácula que o ataque, o qual ele conseguia sentir ser feito com ferro-frio, havia deixado. Ele sente o Glamour se esvair daquele corpo e se perder naquele céu escuro que, misteriosamente, parecia não ter mais estrelas.

*Que tipo de criatura é essa?*

Íkkarus estava intrigado. Sentia seu peito lacerado diante de tamanha covardia. Sentia-se um pouco mais próximo de seu Bedlam. Sentia-se um passo mais próximo da descrença total (+ 1 de Banalidade). Ele acorda de seu transe mórbido apenas com os gritos do Boogan que os convidava a correrem dali. E assim o faz. íkkarus, combado pelos dons de seu companheiro Eshu, corre como se não houvesse amanhã. Corre... Corre... Corre...

A cena da batalha era intensa e tudo acontecia muito rápido. Nota que o Colosso de Ébano se colocava vulnerável e isso lhe preocupada. Não conhecia ninguém ainda da Mixórdia, mas as histórias do Eshu tinham sido o que havia de mais interessante naquela noite. Não queria que ele morresse antes de descobrir os segredos das entranhas do seu ser, mas sua atenção logo se volta para algo que ocorre ali perto. E a sensação que isso traz, era a pior sensação que Zvenn já havia sentido.

Seu corpo se move menos veloz do que antes, seus pés desajeitados tropeçam mais no que havia na sua frente. Seu sangue gela enquanto o frio de suas veias se alastra para sua espinha, trazendo consigo um arrepio de desespero que faz com que sequer sua sussurrante voz saísse de sua boca. O banal, o real, a morte palpável aos seus olhos. Sua vida, sua existência, a de todos ali, tudo em risco por aquela pequena ponta capaz de ceifar existências.

O gosto amargo tomava conta de sua boca enquanto de seus se enchiam com aquele pavor que ele gostava de incitar nas pessoas. Zvenn sabia que havia apenas uma alternativa para si: Sobreviver. O grito da Baronesa, àquela altura, não era nada. Sua ordem era óbvia, como tantas obviedades que já tinha visto até ali. Mas ele ia por sua vida. E assim, ainda nas sombras, contornando pela floresta, Zvenn age com uma velocidade que não parecia a sua normal, mas que era muito bem vinda.

*Obrigado, quem quer que seja.* - pensa enquanto usa tudo que recebera para, furtivamente, chegar na direção em que se afugentavam. 


Off: +1 de Banalidade 

A cena se desenrolava lentamente, o Eshu, imbuido pelo poder de sua propria arte, via tudo com uma riqueza de detalhes..

Seus olhos estrelados vem o heroismo e a covardia se enfrentando, e, ainda que a covardia tenha matado o heroísmo, ela perdeu..

A ultima ação de Alana havia sido protegê-lo e, ele não a desperdiçaria, não naquele momento, mas, algo havia de ser feito, a máscara partida de Desdemonda revela uma face linda, como a da mais bela e peçonhenta víbora do deserto, Idris então toma sua decisão..

Fazendo sua lâmina aparecer em sua mão, fazendo com ela um pequeno talho em sua palma, Idris toma tempo e cuidado para sussurrar à lâmina, como um homem sussurra a uma amante..

"Faça-a lembrar todos os dias que ela morrerá por mim, nesta vida e em todas as próximas que vier a ter, nascerá para morrer e viverá para sofrer, nesta e em todas as vidas que tiver o desprazer de ter, e eu, (sussurra seu nome verdadeiro para a faca), prometo por meu nome, que a matarei em cada uma de suas vidas, leve o fio que entrelaçará minha vida à dela minha querida.."

Ao fim de suas palavras, Idris arremessa sua lâmina, uma lâmina para entrelaçar os destinos, e, antes mesmo que a mesma atingisse seu alvo, Idris vira-se, corre até a pequena Triny, a põe em seu ombro, e corre, segurando as lágrimas que desejava verter, sabendo, mesmo sem ver, que a Redcap chorava sangue neste momento.

Aqueles que podiam ver, viam a brilhante lamina enterrada no globo ocular esquerdo da Redcap, e o que não podia ser visto, era o profundo machucado causado pela aparição do ferro frio que se dera no âmago do Eshu.

OFF: Idris ganhou um de banalidade, e causou dois pontos de dano ao olho da Redcap.

Don Ignazio corria subindo as escadarias em direção a sala do trono junto com Evony. Zvenn, em uma velocidade alucinante, se embrenha pela mata desaparecendo da vista de todos, enquanto Ikkarus também em uma velocidade absurda corre passando pelo Boggan e pela Sidhe.

Enquanto isso, o Eshu lança uma de suas facas, a Redcap tinha acabado de receber a cimitarra de Alana no rosto e não teve tempo de responder à altura o ataque de Ídris, a faca atinge diretamente o olho da bela Redcap que grita. Ídris sente que o ódio jurado ao lançar aquela faca era algo profundo, aquela ferida não iria cicatrizar tão fácil. O Eshu sente um calor em seu corpo, o Sonhar havia aceitado seu juramento. Ele também corre em direção ao salão do trono. É possível escutar o grito de Desdemona enquanto ela retira a faca do próprio olho.

Ikkarus é o primeiro a chegar ao salão do trono e ao entrar se depara com o Conde Rodiart. Ele e sua esposa Liliane não estavam presentes desde o término do Dom de Pan. Ele estava sentado no trono, porém parecia em uma espécie de transe, seus olhos totalmente brancos e fitando o horizonte. Ainda em sua velocidade aumentada, o Nocker consegue identificar que em na mão do Sidhe Eiluned está uma pequena bacia de água com a foto de sua esposa Liliane boiando nela.

OFF: Ídris fez o juramento das espadas cruzadas. Trocando um de força de vontade por um de glamour e tem -1 de dificuldade em qualquer coisa contra Desdemona. Se quebrar o juramento, perde 1 permanente de Fdv e ganha duas cricatrizes no rosto.

Correr, correr... Correr, correr... É o melhor para sobreviver! Assim era o objetivo do jovem Nocker. Ele passa feito flecha rente ao casal pouco convencional da noite, sendo o primeiro a avistar a sala do trono. Ele adentra abruptamente, quase caindo ao chão diante do impasse que seu próprio corpo estava ao tentar andar mais rápido do que o próprio tempo. Ele para diante do trono, o qual tinha um ocupante. Era o Conde! Ele se lembra que ele e sua consorte haviam se despossado da presença de seus súditos logo depois que todos se entregaram apaixonadamente aos seus desejos mais íntimos. Entretanto, Liliane não estava ali. Apenas o Conde.

'- Cond...'

Ele ia cumprimentá-lo, até que percebe que o mesmo parecia em transe. E ele segurava...

'- Uma bacia?'

Íkkarus nunca havia ouvido falar sobre isso, mas ele sentia um comichão na ponta rosa de seu nariz albino. Quando aquilo acontecia, só podia dizer uma coisa: havia algum poder naquele rito! Ele se aproxima do Sidhe em transe, observando que havia uma foto ali dentro. Era Liliane. O que teria ocorrido? A curiosidade do Nocker era intensa... e ele estaria sozinho por alguns segundo ainda. Ele se aproxima mais ainda da bacia, se ajoelhando ao lado do Conde. Ele olhava para a bacia; olha para o Conde. Imbuído de uma epifania, ele então tem uma ideia. O Wylder pega dois lápis que tinha dentro do bolso interno de seu macacão.

TÃN. TÃN. TÃN. TÃN. TÃN. TÃN. TÃN. TÃN. TÃN. 

Ele tamborila a borda da bacia, fazendo com que ondas se formassem na água. A foto navegava sobre elas. Aproveitando o ritmo das ondas, ele sussurra para a bacia:

'- Bacia brilhante, que brilha mais que o luarrrrrr... retire minhas dúvidas, por favorrrrrrrr... O que aconteceu aquiiiiiii?'

Svenn chega silenciosamente, a tempo de ver a cena de ikkarus próximo ao Conde Rodiart em transe, ele sussurrava algo para a bacia, Svenn consegue ouvir graças a seus sentidos aguçados de Sluagh.

Leva alguns segundos para a bacia responder em um sussurro para Ikkarus:

" - O meu dono me usa, depois de séculos adormecida ele me acordou e agora me usa."

O Nocker não percebe a aproximação do Sluagh... estava compenetrado no que fazia. Sentia que a bacia podia ainda lhe dizer mais alguma coisa. Ele escuta a primeira resposta, absorvendo-a. Aquilo significava que algo havia ocorrido, algo que necessitava de ações imediatas. Teria sido a quebra do protocolo feito pela Imperatriz? Talvez?

'- Me diga só mais uma coisa, bacia brilhante... para onde foi a mulher dos cabelos cor de fogo?'

As bacias tinham uma mentalidade diferente. Íkkarus tentava entendê-la melhor.

A bacia finalmente responde:

" - Ele mandou e ela fez. Ela correu e correu lá pra fora. É tudo que eu sei."


Ela finalmente se silencia.


Ídris chega no salão e vê a cena estranha de Ikkarus sussurrando para algo no colo de Conde Rodiart.

Idris corria com a Pequena Triny em seus braços, ainda enrolada pelo tapete e, afortunadamente, não consciente do que acontecia ao seu redor.

O Frio que se apossara de Idris durante a aparição do Ferro Frio aquecera-se enquanto os pensamentos sobre a Redcap ainda povoavam sua mente, mas, naquele momento, eles deviam escapar, ele devia isso à Alana, que, por sua boca, jamais morreria completamente.

Ao chegar a porta do Salão, Idris desejava garantir que todos chegassem em segurança, mas, a cena que vê, por um segundo quase o engana..

*Ou será que?*

"-PELO AMOR AO SONHAR IKKARUS, VOCÊ SABE COMO QUEBRAR ESTE TRANSE?"

O Sluagh chega ao ponto de ver o Nocker sussurrando para a bacia onde o nobre parecia fazer algo. Com seus sentidos ainda mais aguçado e sem saber o que acontecia tentava se manter pelos cantos mais escuros para se aproximar aos poucos e ouvir mais. Estava mantendo sua quietude e assim iria permanecer, mas não tem como evitar um olhar estarrecido pela chegada do Colosso de Ébano falando em quebrar o transe. 

Zvenn sentia que precisava tentar fazer algo para entender mais que seus ouvidos podiam captar, enxergar mais que seus olhos podiam ver e, assim, indo cada vez mais para o canto, mas mantendo seu foco de visão no Conde, o Sluagh se deixa mergulhar na escuridão das sombras e, sussurra nesse momento:

'- Sombras, filhas do sonhar que habitam os sonhos e refugiam os medos, que povoam os vales esquecidos e servem refúgio para as almas perdidas, eu lhes suplico, me mostrem o que meus olhos não conseguem ver e o que meus ouvidos são incapazes de escutar. Eu suplico, levem minha percepção além do alcance...'

Totalmente envolvido nas sombras e concentrado, o Sluagh tentava um presságio que lhe ajudasse a entender o que presenciava.

 OFF: Quero tentar usar Vaticínio 1 com Fada 2 para tentar um presságio (se for possível).

O Nocker escutava as últimas palavras da bacia quando escuta as palavras exaltadas do Eshu. Nesse instante, ele se coloca de pé, percebendo que ali também estava o Sluagh. Aquela criatura era sorrateira demais! Íkkarus se aproxima de Idris, pedindo silêncio com os dedos. Ele se aproxima do mesmo e sussurra:

'- Não, mas dentro daquela bacia há uma foto da Condessa Liliane de Fiona que, segundo a bacia, saiu correndo lá para fora a pedido do Conde.' - ele aponta na direção, continuando: '- Eu senti algo poderoso nesse transe... o Conde Rodiart está tentando alguma coisa e, creio eu, seja devido a quebra do Protocolo feito pela Imperatriz. A bacia me disse que faz tempo que ele não a utiliza para "isso"... seja lá o que seja isso.'

As sombras falam com Zvenn, passando as informações.

Evony, Ariana e Don Ignazio chegam ao salão. Evony se sentia diferente, olhava para Ariana e a via de outra forma, conseguia ver um pomo de adão na Sidhe, que continuava bela mas era algo que não conseguia ver antes. O Boggan parece um pouco mais alto também. Ao chegar, Evony precisa de uns 2 segundos para se lembrar o que fazia ali.

Ariana vendo aquela situação corre em direção ao Conde Rodiart, ela parecia cansada, não tanto quanto Evony, mas era claro que a morte de Alana tinha afetado mais as Sidhes do que os outros.

Don Ignazio vendo a situação apenas grita para todos, dando um susto em Zvenn devido a altura inesperada de sua voz em seus ouvidos sensíveis. Ele aponta para outra porta e diz:

" - Não temos tempo pra esse almofadinha, deixem ele aí. Temos que subir até a torre!"


Ele abre a porta que dá para uma escadaria até a torre e fica aguardando vocês:


" - Vamos!"

Um susto. E como um susto era algo deliciosamente... assustador. Zvenn sente o coração acelerar com a voz que rompia como um trovão o belo silêncio do local. Já havia tido o rompante de Ídris, agora outro e, o Sluagh sabia aprecisar aquele momento. Com a mão no coração acelerado sorri pelo susto tomado.

*Obrigado* - pensa.

Esgueirando-se pelas sombras, o Sluagh sabia que tinha que seguir para a direção indicada, mas depois que as sombras tinham lhe contado o que tinham lhe contado. E ele era muito agradecido a elas por isso. Ele sabia que tinha que fazer aquele movimento. Então, ainda em comunhão com a escuridão, Zvenn segue se deslocando para o destino indicado, mas com um caminho alternativo que passava por trás do trono e ao passar ali, sussurra para o Conde:

'- O mal que habita em mim saúda o mal que habita em ti, nobre Conde.'

E com seu sorriso mais sombrio, o Sluagh se esgueira pelos cantos seguindo para a porta aberta por Don Ignazio.

A Baronesa segue o boggan e as brumas ameaçam invadir sua mente. Tudo parecia diferente mas de maneiras que a Sidhe não sabia exatamente explicar. O pomo de adão de Ariana e a altura do Boggan eram informações novas. Por um segundo ela esquece aonde estava e cogita pedir um uber para sua casa. Esse segundo parece eterno, mas passa e ela se lembra de sua missão. A sidhe fica curiosa em saber o que ardiloso Conde de Rodiart tramava mas a muito custo ignora sua vontade de perseguir aquela intriga e segue com Don Ignazio para a torre.

Um estalar de dedos, um estalar de dedos era o que tomava toda a atenção do Eshu, uma vez que, após todos entrarem na sala, sua mente se voltava à sua inimiga, e, estalando os dedos, Idris fazia com que sua lâmina voltasse para seu corpo, uma hora ela voltaria..

*Sentirei o sangue da bastarda em mim, assim, os fios estarão finalmente entrelaçados..*

.. a mixórdia começa a correr, não que abalasse o Wylder, que ainda sentia sua arte auxiliando seus movimentos.. após uma ultima olhada para o Conde...

*Porque saíra mais cedo??*

... Idris corre, ainda carregando a pequena Triny, tentando ficar a dianteira daquele grupo, sabendo que sobre sí deveriam recair quaisquer adversidades advindas daquela empreitada.

Todo mundo chega, mas aparentemente o que o Conde fazia não era importante para o plano. Don Ignazio grita para que todos sigam para a torre pela porta que abria. O Nocker segue até a mesma, ainda imaginando o que Rodiart fazia e onde estava Liliane.

Todos começam a correr em direção à torre e sobem as escadarias. Zvenn só é visto ao entrar na porta para subir.

Ao chegar no topo, o tapete se desfaz deixando Triny cair, ela acorda e se levanta um pouco desnorteada. Vocês se deparam com uma torre de castela clássica, com uma janela grande, algumas caixas de madeira no chão e um espelho grande, é possível notar que há uma espécie de portal nesse espelho. Don Ignazio então fala:

" - Bom.. até onde eu sei é a primeira vez de vocês no Sonhar, o que é um absurdo, os tutores de vocês já deveriam ter levado vocês. Bom, aqui é um Trod para dentro do Sonhar e vocês têm duas escolhas agora. Vocês podem ir pelo caminho mais seguro, é só atravessar o espelho. Existe um segundo caminho que é pela janela. Basta vocês darem um salto de fé. Pulem, se vocês acreditarem realmente, estarão no Sonhar, no mesmo lugar que o espelho leva. Falhem e vocês morrem ou se machucarão seriamente. Adianto que não serão os primeiros. Decidam, mas decidam logo. Eu e Triny ficaremos aqui para proteger o Freehold e ver o que acontece com Conde Rodiart."

Ao olharem pela janela é possível ver um portal grande na horizontal, parecido com o que tem no espelho.

OFF: Se decidirem pular, será feito um teste de banalidade permanente dificuldade 9. Em caso de sucesso, não entrará no portal e cairá da torre. SEM PENA.

A chegada na torre não poderia ser mais anti-climática, nada ali era diferente do que deveria ser, nada digno de nota, nada que valesse uma história, a História....

*Do Sacrifício de Alana..*

... O despertar de Triny salva Idris de seus pensamentos sombrios, e, ante a explicação de Dom Ignazio, o Eshu abre finalmente um sorriso, como um raio de sol perfurando a tempestade negra que era seu humor..

*SIM...*

... Ele relembrara quem era ao se deparar com uma história digna, ele era o grão que sonhou ser nuvem, ele era o Discípulo de Najub, ele era o tolo enamorado e o servo genioso, ele era a brandura e a tormenta, era Idris o maneta, ele era a história e a Aventura..

*Não hesitarei mais uma vez..*

Uma mesura rápida aos defensores é perpetrada..

"-Até nosso próximo encontro nobres defensores - Ao olhar para Triny, continua -.. na próxima vez que nos virmos, estaremos mais próximos de reencontrar a canção.."

.. Com uma pequena pirueta o Eshu se equilibra no parapeito da janela, de costas à queda, de frente para sua mixórdia..

"-Quando voltarmos, não seremos mais os pés-escuros, nossa jornada nos proverá de nosso verdadeiro nome.. - O Sorriso se ilumina -.. Vejo vocês do outro lado.."

Ele se lança ao vazio, de costas para o chão, de frente para as nuvens, tão logo seu corpo continua o looping, ele fecha os olhos, não encararia o chão, ao contrário, continuaria a sonhar que era grão, desejando ainda, ser nuvem..

Zvenn se aproxima da janela. Olha para aquele portal na horizontal e nota as semelhanças com o espelho. Seu instinto natural era o de ir pelo espelho. Qual o sentido de se arriscar tanto na primeira vez? Mas isso ao mesmo tempo poderia lhe desconectar mais das descobertas que o Sonhar lhe revelaria. E como entrar no Sonhar sem... sonhar? O Sluagh via um momento de autoconhecimento dos seus limites naquele desafio. Iria tentar. Nada seria mais banal do que ir em segurança. E, Segurança, é algo que faltava desde que pisara naquele lugar.

Desengonçado, não esperava por conversas. Apenas olha para o horizonte e sobe na janela. Respira fundo e... pula, caindo mais desengonçado do que uma jaca podre...

Eram segundos, mas pareciam dias. Zvenn tentava limpar sua mente de qualquer racionalidade e se apegar ao que de mais incrível vira naquela noite. A música dos Sátiro, o Canto da Baronesa, As Histórias do Eshu, a fuga fantástica do grupo em meio à batalha, pegava e enchia sua mente com tudo que lhe encantara... com o recado das sombras, com a ação do Conde... tudo que pudesse lhe fazer sonhar.

Fecha o olho e cai.

Deixa que o vento corte sua pele e bagunce seus cabelos. Não espera que tudo dê certo, aceita que tudo era natural, que o sonho era real e assim, atravessa o portal. Finalmente conheceria o sonhar.

O Nocker chega ao último patamar da escada ainda absorto pelas ideias mirabolantes que sua cabeça construía quanto ao que diabos o Conde fazia. Ele só acorda quando um baque anuncia que o tapete que segurava a Pooka é descoberto e a mesma cai no chão, acordando. Ele, enfim, adentra no quadrículo simplório. Nada diferente de nenhum quarto sobre uma torre de um castelo de um Freehold. Não que ele tenha visitado muitos quartos assim, claro... mas dentro de si ele sentia exatamente esse sentimento... A não ser pelo...

*Um espelho?!*

Havia um espelho ali, arqueado e belamente ardonado. Era um trabalho muito bem feito e fácil de se apreciar. Segundo Don Ignazio, aquele era um portal para o Sonhar. Entretanto, não era a única maneira de chegar até lá. Havia a janela. Íkkarus se aproxima da mesma enquanto o Boogan falava, testando sua força de vontade. Era muuuuito pouca. Ele não tinha medo de altura, clinicamente falando, mas não era um grande entusiasta desse tipo de atividade. Sabe aqueles vídeos de pessoas andando e pulando nas coberturas de prédios entre caixas de ar-condicionado e marquises pouco seguras? Ele DETESTAVA esses vídeos. Davam-lhes vertigem.

Não. Pular não parecia uma opção. Seu estômago revirava só de pensar.

Ele dá dois passos para trás, quase que ao mesmo tempo que Idris e Zvenn se jogam pela janela. Ele não tem coragem de olhar mais uma vez. Esperava que os colegas tivessem fé suficiente para sobreviver. Seu corpo mirrado talvez não sobrevivesse a leve descrença que abalava o seu âmago depois de tantas porradas da Banalidade em um curto espaço de tempo.

'- Eu estou meio enjoado, acho que vou por aqui...'

Ele se apoia na borda do grande espelho, indo até a frente da estrutura reluzente. Ele estende a mão sob a superfície reflexiva e sente o físico tornar-se líquido em sua palma desnudada. Sua mão afundava lentamente, como se ele tivesse caído numa armadilha em areia movediça. Seu braço também é tragado. Seu tronco também. Em segundos, longos segundos, já não se via mais o corpo do Nocker daquele lado do mundo. Para onde ele tinha ido? Não sei.

A Baronesa adentra a torre enquanto enxuga seu rosto e se recompõe. Olha desconfiada pela janela e pelo portal no espelho tentando entender o que estaria acontecendo ali. 

O Eshu, e o Sluagh pulam a janela ao passo que o Nocker usa o espelho. A inconsequente Arianna também pula rapidamente e quando Evony se vê por último ela olha para os dois portais tomando uma decisão.

*No ritmo que está não dá...*

Evony sabia das defesas dos portais de Trod contra quimeras e respira fundo tomando uma decisão enquanto caminha resoluta para Don Ignazio. A belíssima Sidhe andava na direção do Boggan de forma decidida e sensual encostando todo o seu corpo no corpo do Grump e lhe dando um beijo de despedida para depois murmurar em seu ouvido: 

"- Espere por mim..."


Com toda a sua elegância, a Baronesa Evony de Eiluned sobe em cima do borda da janela deixando sua belíssima silhueta exposta pela luz do luar, olha para o chão, respira fundo e salta para o vazio com um frio em sua barriga.